cajuaba aromática

o máximo em beleza feminina, ontem: as passistas no ensaio da vai-vai

a caminhada pelo centro de são paulo, até chegar lá, foi passeio da vista pela fachada dos prédios. olhar no segundo andar

as palavras são todas bonitas: ensaio, vai-vai, bela vista, saracura, nossa senhora achiropita, bixiga

uma palavra feia, mas q lá ficou bonita: pavilhão. o pavilhão da escola de samba

mas isso não foi ontem. foi semana passada. porque ontem foi a sessão de gravação do disco do porcas com bocato e paulo barnabé.

paulo barnabé veio de boné, jaqueta army verde, camiseta rosa por baixo. se ele tava parecendo um personagem, é pq é figura mesmo. tava me lembrando de como a gente ouvia, calado, o disco da patife band, na casa do ênio. bêbados, loucos de tudo, garrafa de cerveja esparramada pelo muquifo, o disco falando sem concorrência. paulo barnabé tocou piano elétrico e cantou na faixa "o rato". quem conhece o porcas sabe da importância do paulo pra história toda.

aí veio o bocato. palavras: o q são palavras, deus do céu? vamo ver se postar video resolve. todo mundo concordou q, em termos de música, não dá pra ir mais. não pode haver mais som. o cara está entre miles davis, john coltrane, hermeto pascoal. foi tocando sobre estrela decadente e produzindo as peças melódicas mais bonitas q ouvi na vida. pra depois sair montando acordes como se estivesse a estender uma cama celestial, pra deus dormir em cima.

simone sou.

ainda não tinha dito, mas simone sou também.

a primeira vez q ouvi a simone foi ela e badi assad. bem brasil, só as duas no palco. simone sentada sobre seu set rasteiro, quase levantando vôo. uma brisa o som dela, olhinhos de quem tava em todo lugar. vassourinha nas baixelas, simone parece q tem pacto com os ventos. aí qdo ouvi as cores q ela havia lançado sobre o disco, foi um reencontro com a minha simone primeira. o q ela fez permite sempre identificar: isso é a simone, não é? pq foi sua pessoal alquimia, benigna bruxaria.

tem sido isso o estúdio, o máximo em vida. daqui a pouco vou falar sobre a participação do marcelo monteiro, da leandra leal e do júnio barreto. convidados do nosso disco tb, os mais moços. a arte borrando-lhes a pouca idade, por quanto pareçam estar aí desde sempre.

e o theo está aqui em são paulo. ficou 3 semanas na bahia. voltou moreno, colarzinho e pulseirinha. apaixonado por mim, eu por ele. chorei alto no show do otto, dançando com ele e com quem pintasse na minha balada de olhos fechados

numa semana de máximos, não podia faltar o máximo em amor.

saravá pra todo mundo!

artur sabóia, 456

o texto abaixo foi postado pelo wagner schwartz, hj, em seu blog. isso pq ontem foi mais um dia da série Dias Incríveis com Wagner Schwartz. estivemos juntos - eu e ele - pela manhã. depois... ah, o próprio wag vai dizer

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foto e montagem: wagner schwartz

“não sei se sangue ou porra”, frases agudas no estúdio – tanto quanto a violência popular. mas claro, aqui a poesia foi traduzida, a reação é viva.

hoje fui assistir a produção do novo cd dos porcas borboletas. sem tempo para brincadeira, os meninos estudam metodicamente cada tempo de um verso seja musical, seja do gesto (como sempre, a música parece ser um desdobramento do corpo).

danislau também, enzo banzo, ricardim, moita mattos e alfredo bello (o produtor) criam a fisicalidade daquilo que se apresenta como um jogo de afetos. e, nesse vaivém, criam uma paisagem de personagens ora sóbrios, ora caretas, ora fictícios que são desmentiras de um dia-a-dia. nada como um passeio fora do seu quintal para descobrir que a realidade pode ser também um conto-de-fadas – tão simples, não?

claro, que sim. os vizinhos convidados são leandra leal, arrigo barnabé, simone soul, o próprio alfredo (que retira pianos elétricos, órgãos da década 60, 70 e uma parafernália de instrumentos de seu riquíssimo estúdio-casa – pronto para abrigar boa música), entre outros que ainda estão para chegar. sim, o território, a festa de bairro, tem que ser feita com precisão e pensamento.

vi vicious e rafa rays já deixaram sua contribuição. é possível escutar o que eles produziram pelos alto-falantes da casa e, como são músicos particulares, o que se ouve não é da ordem do esporte, arte não tem tempo pra isso.

entre a extensão da felicidade, pressuposto de deleuze para os bons encontros, vê-se muita festa, muito brilho, pouco moralismo ou assepsia cultural e uma grande escala de acordo entre os meninos. disseram que estavam em crise – claro, a chance de se criar algo em coletivo, que seja político só pode sair de um conflito: a migração de um estado para o outro começa no osso.

aguardemos então o fechamento desse trabalho que deve sair nesse início de 2009.

star putz em cena

antes de ir ao estúdio, tive uma reunião com danislau também, que prepara seu novo espetáculo para estrear em março deste ano. fizemos uma reunião em vila madalena, bairro boêmio da cidade de são paulo, em que me abrigo na casa da dramaturga nicole aun, ao lado da casa de minha produtora gabriela gonçalves.

falamos sobre esse projeto de estar junto, que teve um bom começo em “placebo 2008” – diga-se “um bom começo” para o público, por que nosso papo é antigo. e mais uma parceria surge em breve, o site ‘star putz’ vai para a cena: o blogue-homem deixa de ser herói e vira anti-estrela.

teremos, então, danislau também “coming soon” no palco (coming soon = em breve, ou na gíria, “gozando em breve” – porque sua relação com a punheta é coisa reconhecida em seus poemas – muitas meninas já foram vitimadas).

até já.

reforma ortographica

olha, confesso q estou cagando e andando pra essa reforma ortográfica. cada um escreva como quiser. a linguagem é livre, a língua está aí. fiquei um pouco triste quando fui ler a folha e vi escrito "ideia", "geleia", sem acento. e, juro, não é por conservadorismo. eu mesmo tenho preguiça de acentuar (quase nunca uso o trema). fiquei triste pq não acredito nessas coisas q sobrevêm por canetada, principalmente qdo o assunto é linguagem. em matéria de criação humana, nada se compara à linguagem, com sua infinita capacidade de renovação e depuração. sozinha, sem regência oficial, a linguagem sempre se faz fresca, e eficaz.

dizem q isso tudo é pela unificação da língua portuguesa. vão todos à puta q os pariu. não acho interessante unificar pela uniformidade. q tal unir na multiplicidade? querem vcs, engravatados ou enfardados, unificar a língua? vamos ver aí então umas políticas de intercâmbio. vamo facilitar o trânsito de nossas expressões pra lá e a deles pra cá.

adoro ouvir e ler um português diferente do meu. a do ro.

então tô achando essa reforma uma coisa careta, bem a cara da academia brasileira de letras: coisa de quem tem nada pra fazer. ainda não tomei conhecimento das mudanças, nem vou tomar, deliberadamente. sei q aos poucos vou sacando qual é. se interessar, adoto, pq não? se não interessar, não adoto, pq sim?