thus spoken msn

daniloslau says:
as coisas q eu ouço eu acho q são minhas

em termos de prazer estético

produzir informação não é muito diferente de receber infomação

desde q se seja tocado por ela

então eu acho q o q eu tenho ouvido é o q eu tenho feito

fazer é até ruim

o bom é receber

agora o mais gostoso

é receber o q vc fez

pq dá uma satisfação

não sei se isso é vaidade

vai q seja

foda-se

as éticas todas nos confundiram demais

o vamos salvar o planeta

o vamos ganhar dinheiro

as éticas criaram um finalismo

isso para aquilo

q eu acho meio indesejável

o apenas ser

acho q o apenas ser já conduz a alguma coisa, involuntariamente

desde q eu te conheço

e lá se vão longos anos loucos

c sempre foi o mesmo cara

eu tb me sinto o mesmo

então presumo q não adianta muito traçar planos

o único plano: tentar ser quem a gente é

qdo eu digo q vc não mudou, penso no seu eu q eu acho o mais massa

aquilo q se manteve é o q eu acho o mais massa

tal

vendo a mim mesmo, tb

vejo q o q se manteve é o q é o mais sensato

portanto a meta é deixar falar, predominar, esse eu-rachante

mesmo q isso redunde em porra-louquice, ou caretice

pq é esse caminho q vai nos conduzir bem

na verdade, o problema não é definir o caminho, mas o caminhante

a pergunta não é: por onde seguir

a pergunta é: quem vai seguir?

falar é errar

errar, de equívoco
errar, de errância

a fofoca é anti-estética

a fofoca é um meio através do qual trafegam (traficam) algumas informações, sejam elas, por assim dizer, verdadeiras ou falsas. o q distingue uma fofoca de um outro comunicado qualquer é a intenção do emissor da mensagem (o fofoqueiro), o impacto dessa mensagem na vida pessoal do receptor (o ouvinte sensibilizado), e o fato de uma fofoca sempre se referir a um terceiro (o fofocado). o que já de antemão coloca em dúvida a boa-intenção do fofoqueiro é justamente a ênfase que este dá à sua boa intenção. ai amiga, é doloroso demais pra mim te dizer isso, mas amizade o que é, um tipo de cuidado né. alegando bons intuitos, o fofoqueiro sai pior ainda na foto. nunca convence. mas nessa altura do campeonato o ouvinte já está por demais sensibilizado, unhas na boca, essas outras coisas já não têm mais importância - o impacto da fofoca ofusca a má atriz que é a fofoqueira. nunca é demais esquecer a verdade daquela frase: a coisa mais insuportável para uma pessoa é o sucesso de seu melhor amigo. procede? procede. claro, pouca gente sabe que sente isso. ninguém sabe nada. uma boa dar uma lida em memórias do subterrâneo, do dostoiévski, ver se cria coragem de se olhar verdadeiramente. nada de leituras por enquanto, o fofoqueiro não lê. diz que lê, acha que lê, mas lê bosta nenhuma, porque pra ler não precisa tanto de ter olhos, precisa mais de coração. como se quererá demonstrar, a fofoca é anti-estética. para isso, retomar o ponto onde paramos, que insuportável o sucesso do melhor amigo. essa sacada conduz necessariamente à idéia de que muito poderia - inconscientemente - interessar a desgraça do melhor amigo. fofocar é... se comprazer com a desgraça alheia. quem vai negar? sendo essa a intenção do fofoqueiro, ela se contrapõe diametralmente à intenção do emissor da mensagem artística. não que o artista seja um bem-intencionado, a estética pode prescindir da ética, mas, por mais bem-elaborada, mais espirituosa, mais eficaz que seja uma fofoca, sempre lhe faltará um tchan, um pirlimpimpim, que lhe garanta um sabor de coisa elevada. a frase fofoqueira é uma carne de segunda, pelanca mal-passada em churrasco com nova schin. a oposição entre fofoca e arte também se comprova pelo quanto uma vida intensa, rica, consigo-bastante, pode levar uma pessoa ao desinteresse pela vida alheia, pelo que não lhe diga respeito. um cara que se curta, se ache gostoso, cheio de coisa pra ler, pra ver, ouvir, fazer; um cara cheio de bons amigos, de bons momentos, vai perder tempo fazendo circular informação dolorosa? vai forjar informação (qualquer informação é sempre forjada. a linguagem é um artifício, e nunca será exata) e exercê-la à boca pequena? vai não. a fofoca é anti-estética também porque o fofoqueiro é sempre um fraco, um cara que na falta da novela das 8 faz da vida dos outros um páginas da vida.
vem fácil na lembrança uma enxurrada de artistas que se posicionaram contra a fofoca. só na musca popular brasileira ó:
. o arnaldo antunes cantou eu não acho mais graça nenhuma nesse ruído constante q fazem as pessoas falando cochichando ou reclamando... quem quiser papo comigo tem que calar a boca enqto eu fecho o bico, e estamos conversados.
. o itamar assumpção cantou a musca do geraldo filme: vai cuidar da sua vida/ diz o dito popular/ quem cuida da vida alheia/ da sua não pode cuidar
. o caetano cantou aquela do jorge ben: quem cochicha o rabo espicha. cantou tb aquela: todo mundo quer saber com quem você se deita/ nada pode prosperar
. o karnak: ngm quer te ver feliz/ todo mundo quer q vc quebre o nariz. a gente escuta (é) nosso coração.

não me lembro qual marco, sábio imperador romano, sugeriu o seguinte: que valia a pena, no agir, sempre imaginar que um cara muito foda, admirável do pé à cabeça, estivesse nos observando. próxima vez que a boquinha tender a ficar pequena, que tal lembrar desses caras aí em cima?

segunda pessoa

o wish you were here, do pink floyd, what about it?

conexão total entre o q canta a letra e o como se canta a letra

não pode haver maneira mais shine on you crazy diamond de dizer: shine on you crazy diamond. até eu, q sou mais bobo, atendia, se fosse pra mim o recado. o recado é pra mim.

how I wish you were here. porra, mãos juntas, mão no peito, how I wish, how I wish you were here. (pior de tudo é cantar isso pra quem está do seu lado)

welcome my son, welcome to the machine. sim. welcome demais aquilo. não um welcome às águas calientes de caldas novas. um welcome to the machine. a máquina está na voz, o pai está na voz, quanta coisa pode morar numa voz

dá uma chegada aqui, boy, fuma um cigarro, c vai viajar. dá pra ver o molejo. é: come in here, dear boy, have a cigar, you´re gonna go far, fly high.

aceitei o convite, dei uma bola no cigarro q eles me ofereciam, fui longe, viajei. um dos discos mais importantes da minha vida, ouvi de novo, depois de tanto tempo. disco inteiro cantado para uma segunda pessoa, tu, você. shine on you crazy diamond é pra quem?

Matuto

A arte rupestre é encontrada em rochas e cavernas praticamente do mundo todo, algumas com 42 mil anos de idade, o que sugere ser inerente à humanidade o desejo de expressão. Aqui é a minha caverna, aberta ao público, e as cifras em texto são o esboço de uma expressão rupestre contemporânea, pop, descompromissada e sem erudição. É alvo de flechas flamejantes, ou não, como diria caeta.

(retirado do blog MATUTO, do meu mais-que-broder Roberto Chaves)