escala menor

em abaeté tem uma escola antiga, fachada de casarão, imponente daquele jeito, chama o frederico a escola

quem passa na frente do frederico nas madrugadas de abaeté escuta a maria-toca-piano

o nome de fantasma mais bonito que já vi

maria-toca-piano

eu passava em frente ao frederico de bike qdo era menino e geralmente nesses momentos não queria saber de música

a música q eu ouvia era o pedalar acelerado

era como se eu colocasse provisoriamente os ouvidos debaixo do subaco

um dia

depois de algum alco

cheio de coragem-medim

aquela vontade dark side

parei de frente ao frederico e esperei maria tocar

pensei alto: toca um pouco pra mim maria

queria ouvir q música produzia alguém já conhecido da morte

como a morte soaria

soprou vento frio, eu morrendo de medo

maria ainda vai tocar pra mim

(pra vc tb)



publicado originalmente no blog do porcas borboletas


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boi boi boi

andei de lá pra cá, sequei ao sol meu cabelo molhado de chuva, dormi de meia pra não sentir frio na noite de colchão no chão, fui julgado e condenado pela paróquia de uberlândia, engoli secos de saudade do meu filho, gritei aos céus uns whata fucking is happening, dio como te amo, mil anéns, mil rararás. inscrevi 700 km uberlandenses em minhas pernas cansadas de guerra, ri junto depois de chorar um rio separados, vi comovido meu carrinho se despedir de mim enquanto tomava posição no carro de reboque, penteei meus cabelos com as noites e os dias passando inclementemente sobre minha cabeça para que o destino, esse deus louco que mora no correr dos fatos,

me conduzisse à cama vazia do meu pai.

madrugada altíssima, chegamos eu, meu carrinho, o motorista e o carro de reboque à rua altamir josé ferreira, em patos de minas.

humbertim e virgínia já tinham destinado as camas: a da sala para o motorista, a do meu pai - viajante pelos sertões do goyas - para mim

a alegria de me deitar na cama do meu pai, cama mesmo, elevada ao ar, me lembrou o que eu nunca vou esquecer:

uma vez q, em tres marias, nos primordiais anos 80, eu havia preparado um misto quente e um copo de coca para cada um de dois priminhos meus. eles moravam não sei ondé, e, pobrezinho que eram, mal conseguiram comer o rango, de tanto rir. ficaram chapadões pela alegria de tomarem coca, comerem misto.

riram com a boca aberta, riram um olhando pro outro, fizeram festa. eu achei, no momento, tudo tão deliciosamente piegas, tão engraçado, e ao mesmo tempo absolutamente comovente. eles estavam muito irmãos ali na alegria daquele misto. interessante o contraste: eles rindo de boca aberta na cozinha, eu soluçando com as mãos no joelho na despensa.

aí ontem, na cama do meu pai, eu fui meus primos. fiz cara de alex - do laranja mecanica - qdo é recebido na home, depois (e antes, coitado) de muito apanhar. espichei o corpo, me virei de lado gemendo um aiai. eu estava para dormir na cama do meu pai. depois de 25 anos?

melhor sono da vida.


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NOME PRÓPRIO

Por essa janela aí abaixo vc pode ver o clipe da música-tema de NOME PRÓPRIO, filme de murilo salles que acabou de estrear em várias salas do brazil. Com interpretação exuberante da leandra leal, o filme está baseado em algumas coisas de nossa clarah averbuck. Tanto o clipe qto o filme não são de se perder, confie em quem não quer enganar ninguém. A música é do Porcas Borboletas. Com o passar dos dias vou falando mais dessa parceria que é um acontecimento gigante na história do Porcas.





http://www.youtube.com/watch?v=XEonGSr6obc

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Video c ego

Taí o video do herói hesitante.

o invasor

DE COMO VIAJAMOS DE FÉRIAS PARA PERNAMBUCO E CONHECEMOS O JOVEM MORENO QUE, MEIO COMO O INVASOR DO FILME DO BETO BRANT, COLOU NA GENTE

bonito demais, corpo de causar furor mesmo em quem nunca houvesse desejado conscientemente o corpo de um homem.

deliciosamente incômoda a primeira vez em q tirou a camisa perto da gente: eu tentando represar a respiração, misto de orgulho ferido e curiosidade, e minha namorada não conseguindo represar o olhar - como perder tal espetáculo? - desaguando-se por inteira no oceano negro da sua pele.

meu inimigo ele? com que sucesso ele conseguia destilar aquele carisma, feitiço embriagando com sabe-se lá quais venenos o olhar já convertido da minha menina.

eu contando aflito o fim dos nossos dias em pernambuco. mas a praia o biquini o sol e aquela companhia dolorosa já eram inevitáveis.

ele contando aflito o fim dos nossos dias em pernambuco. completamente tarado por minha namorada, queria porque queria, e tinha pouco tempo.

achei q ela ia gozar quando ele abaixou a bermuda pra ficar de sunga, na praia. indisfarçável o convite, o muito que se viu era muita promessa. e o movimento se deu tão insolentemente que faltou a voz, que quase se ouvia: olha.

os dias agora eram reféns daquela transa. não haveria correr do tempo enqto não estivessem juntos.

estiveram. alguém tinha que ir ao banco. o sol estava quente demais, ela pediu pra ficar. como ela foi sincera dizendo com a boca "o sol tá muito quente" e com os olhos "vc sabe que eu tenho q ficar aqui um pouco"

no caminho, não sei se por alucinação, mas achei que alguma coisa estava diferente no céu.

qdo voltei, percebi que o correr do tempo já havia recuperado suas forças. dia seguinte, retornamos. nunca mais falamos nele. de vez em qdo, recebo sua visita em sonho. ato contínuo, busco com sede o corpo da minha mulher, na osbcuridade dos lençóis e da madrugada

não sei quem transa com ela, nesses momentos. se eu, ou o invasor.

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Grande sertão: veredas

taí o video que fez parte da performance q eu, o moita e o ricardim apresentamos no goma, em uberlândia, no sarau em torno do centenário do guimarães rosa.