de longe ninguém é perfeito

tem um poema do arnaldo que diz mais ou menos que, quanto mais de perto, menos o olho vê

um amigo meu técnico de gravação de som me chamou lá pra fora, longe pra caralho das caixas de monitoração, pra gente ouvir o som de lá. disse: daqui é uma outra audição, muito esclarecedora - ver se a mix tá boa

pior audição possível da rede globo é essa, meio de longe. assistir a globo na casa da vó, novela das 8, é um circozinho de horrores até tolerável. agora como estou aqui, 2 metros da tevê, bad trip garantida. vontade de voar no pescoço do pedro mingau

alarde

esse post é uma prestação de contas. devo uma explicação pra todo mundo. uma explicação pro meu pai, pra minhas antigas professoras, pra cada um de meus amigos, pra cada uma de minhas amigas. pra minhas namoradas, de ontem e de hoje. qualquer namorada futura tb que queira se servir dessa bandeja em que ofereço minha cabeça pode ficar à vontade. devo uma explicação, eu que sempre usei calça jeans e cuecas, sapato e bermuda, quase nunca boné. quem me vê todo dia pode ficar tranquilo, não haverá mais mistério em torno de mim depois desse post histórico. vc que atravessou essas primeiras linhas, acabou de transpor o teste das 5 linhas. quem chegou até aqui realmente quer saber, vc chegou. chegou pulando parte, tudo bem, mas chegar é isso: pular parte.

mergulho e abandono, como o cometa. uma palavra bastando: errar. errar de equívoco e errar de errância. cenas do próximo capítulo: fogos de artifício em céu outrora pacífico.

seringa é relógio

eu por enqto fico aqui parado ouvindo perfect day do lou reed

me lembrando daquela over do trainspotting

overdose linda

redenção pela over... tenho direito à minha overdose. isso está na declaração universal dos direitos do homem?

deixa o céu cair na minha cabeça, o chão se afundar, deixa as nuvens em fast forward, tantos rostos passando na minha memória, maioria de menina rindo. deixa eu ouvir meu cachorro já morto latir, ouvir a voz de meus mortos. deixa eu correr pelo asfalto sem sentir o chão - um sonho pra mim, correr sem sentir

todo mundo morre de overdose

ensaiar a minha hj à noite

quem me vir no bar de walkman não vai poder adivinhar q ouço o lou reed. que planejo minha morte de artifício. vai ver menino bebendo cerveja sozinho, isso se vê todo dia

vulto na fumaça

adentro o pub, coçada no saco porque calça de couro, botas pra desafinar o passo, long neck por favor

alguém dá uma tacada em falso na sinuca. comer alguém ainda sobre a mesa de sinuca. comer alguém em falso sobre a mesa de sinuca

joy division, reconheci porque baixo música na internet. se esse pub for um pub de verdade, tem alguém entretido com a cintura de alguém no banheiro. como é bonito uma pessoa com a cara enfiada dentro da calça de couro de uma outra pessoa essa pessoa fumando cigarro com cara de ai que delícia essa vida

aí até minha vida fica ai que delícia

nem jogar sinuca nem comer alguém em falso nem joy division nem baixar música na internet muito menos entrar com boca e tudo dentro da calça de couro de alguém

meu negócio agora é comigo mesmo

adentro o pub, coçada no saco porque calça de couro, botas pra desafinar o passo, long neck por favor

carn'aval

tempos atrás, eu e uma amiga tomando cerveja na sexta-feira de carnaval, pracinha mais que surreal de abaeté, minas gerais, eu dizendo pra ela: q maravilha o carnaval... essa amiga, com aqueles olhos que deus deu pra ela: mas cadê carnaval? não vejo traços carnavalescos por aqui. aí a gente pensou um pouco e desvendou. o carnaval tá no ar.

o carnaval está nos olhos da minha amiga, no futebol dos meninos ao lado, na tia que cochilou vendo o desfile das escolas de samba, na purpurina em barriga morena de mulher, no menino apanhando de dez a zero pra camisinha no escuro da construção onde foi meter e no escuro da pouca experiência com meninas peladas com sede sob ele. o carnaval pode estar noir, no quarto solitário de hotel barato, carnaval é estarem soltos os deuses. carnaval independe de marchinha, confete, serpentina, campanha pelo uso do preservativo, multidão, salvador, recife, abaeté. tudo isso são manifestações de carnaval, não confundir tesão com pau duro. confundir, sim senhor. carnaval é justamente isso, confusão, festa das carnes em nome dos deuses, festa dos deuses em nome da carne.

quantas coisas nos reserva o carnaval... primeira vez que eu
1) fiz o bigode
2) transei
3) fumei cigarros transcendentais
foi no carnaval
(no mesmo, aliás; carnaval de 90 e tantos - não posso revelar o ano senão todo mundo vai ficar sabendo que transei tarde, já com meus 16, o q pega muito mal para um pornógrafo como eu)

vale um capítulo na biografia de todo mundo: "surpresas que me reservaram os carnavais"

vestir a fantasia é dar o aval aos deuses, é submeter-se às suas mercês, é dizer: compactuo com o carnaval. eu mesmo acabei de enrolar um fio de serpentina rosa no pescoço. aguardando as surpresas que estão por vir, curtindo muito as surpresas já reveladas.

dwag!


cheguei agora do mato. cheguei com aquela cara de quem não sabe onde, nem aonde. sem saber onde deixar meus objetos escolares. fim do mundo se aproxima? adventos, ferramentas.




minha mitologia caiu. a antropofagia resiste, pq é a única lei do mundo. mas os mitos hedonistas. a droga como redenção. o amor como redenção. ô saudade do tempo em q acender incensos contrabandeados e ouvir música em frente às caixas de som era o centro do meu mundo. era um sentido perfeito. tem coisa q só vigora (enqto) sob o título de descoberta. depois é prepúcio, precipício.



zen budismo, ioga, xadrez, esportes contemplativos, esportes radicais, banho de loja, balada noturna, abstemia de drogas, viageness, acupuntura, curso de história da arte, epicurismo, estoicismo, outras filosofias a tiracolo, umbanda, novos óculos escuros, download de mp3.



o dia está de pé

amparado na manhã

só eu estou deitado

pelos dias espetado



quem vive são os dias, a gente é espeto só. desvio de foco, isso nunca experimentei. vou soprar tão forte q não vai restar mais coesão entre eu e mim. quero perder a confiança na coesão, mode finalmente me livrar dela. eu sou o lobo mau lobo mau lobo mau, eu pego o danilinho pra fazer mingau.



aí vc vai ver. como um baterista q tira a mão dos pratos pra ampliar o volume da voz do cantor, vida vai finalmente cantar no meu conjunto musical. meu novo mito, fresquinho: o mito da subtração. tirar o time de campo, pedir pra cagar e sair, descansar um pouco deu mesmo, equacionar melhor vida e morte, dar umas fichinhas a mais pra morte, coitada, a morte, q é paz. é isso, esfarelar com os pés a areia sobre o piso vermelhão. será q vou ficar mais gato nesse novo style?