sorry - sorria
yesterday - isturdia.
mas o falso cognato mais bonito é o da bandeira de minas.
libertas quase sera tamen - liberta q [livre] serás também.
Star Putz
Pra lá do escuro do universo existe um deserto iluminado. Pra lá das luzes do alto deserto onde se encontra Star Putz é aonde ainda. Pra lá disso, não há que se falar mais em há-ondes. Nem há que se falar mais. Nem há que se falar. Nem há. Aném, esse o sonho de Star Putz: levar consigo desertos, à viagem. Sair dali, saindo de si. Como sai da fumaça a cinza, do fogo a fumaça, dos altos desertos o fogo. Todos os fogos a fuga. (continua)
nas cordas
Olha o cara era aquele mesmo. Tava com uma camisa escrito maguila. Aí foi fácil achar. Entrei na comunidade do maguila, ele tinha q ser um daqueles 53. Mandei uma mensagem pra cada um, spam de pornografia. Claro q tive q copiar colar uma bunda do google imagens na foto do meu profile. Vinte minutos depois recebo uma mensagem. Um cara dizendo q queria. Perguntei onde. Qualquer banheiro da universidade. Letras, podia ser. Cheguei primeiro, fiquei lendo aquelas mensagens de quero isso quero aquilo q tem lá (proto-spams pornográficos). Pra mim foi o fim, essa vida de detetive do rubem fonseca não dava mais. Quando desisti era tarde. Ele (ele, não o rubem fonseca) havia chegado para o encontro. Não, não era ele, era o professor de filosofia querendo dar uma mijada. Não, era ele mesmo! o professor de filosofia estava com uma camisa do maguila escondida por baixo da camisa de professor universitário, aquelas de botão. (continua).
quero grudar no seu corpo, videotatuagem
Mais um artifício, quanta falta de verdade, mas vamos lá, tudo pelo efeito: começo esse post me (te) perguntando por que não rola bacu, baculejo, geral, na entrada de cinema. Certamente eu teria feito essa piadinha enquanto estivesse na fila, iminência de entrar na sala para ver um bom filme, perguntando ao porteiro "vai rolar bacu?", só pra fazer uma graça pra menina que estivesse comigo. Isso se fosse do meu feitio ir ao cinema acompanhado. Nunca fui acompanhado ao cinema. Mesmo que fosse ao local com alguém, menino ou menina, cinema pra mim é igual sono: cada um por si. Balela imensa esse papo de vamos pegar um cineminha. Se o lance é curtir a companhia de alguém, namorar, prefiro um jantarzinho, um buteco, um passeio no parque. Dizem que os espanhóis não falam de outra coisa, à mesa, que não seja sobre a comida. Pra mim é mais ou menos isso, quanto ao cinema. Pão pão, beijo beijo. Filme não tem vocação pra pretexto. Depois a gente dá beijinho, bem, por enquanto deixa rolar o filme.
Baculejo eu gosto porque parte da idéia de que todo mundo seja bandido, até prova em contrário (bandidos: somos todos ou não é ninguém). O baculejo é democrático, nos irmana na condição de suspeitos. É bom para o espírito, se ver em situações depreciativas. (Dia desses mesmo, fiz um exercício nesse sentido. Estávamos eu e os meninos do Porcas Borboletas à espera da van que nos conduzisse à alguma puta que pariu. Vi 10 reais em cima da mesa. Esperei o momento em que o dono do dinheiro estivesse olhando para meus lados, e discretamente dei o bote nos 10 reais. Quis ser pego roubando. Foi edificante.) Gosto também de baculejos porque os associei a bons eventos, jogo de futebol, xou de roque, adrenalina. Tomar uma geral é sempre o prenúncio de fortes emoções. Vale lembrar, ainda, que o baculejo talvez seja o gesto mais sincero do Estado, do establishment, ou das forças detentoras de poder. Daí minha sugestão aos donos de sala de cinema: implementar o bom e velho bacu, para todos os menores de 60 anos, não a fim de manter a segurança do local – esse papo já encheu o saco – , mas para satisfação pessoal dos espectadores.
Porque filme no cinema é flaflu, pega pra capar, matar ou morrer. Nunca se sai ileso. Lágrimas, comigo, sempre. Não tanto pela história, pela catarse com as personagens, mas pelo meio, pelo suporte em si. Choro pelo cinema, antes de chorar pelo filme.
Agora o prazer de assistir a um filme a dois é indescritível. Duas pessoas no cinema são a representação exata do estar juntos nesse mundo, pensado sob a ótica do trinômio eu x o outro x a vida (a vida, claro, sendo o filme). Entre uma pessoa e a outra, o filme acontecendo, na condição de diálogo entre elas. Isso se torna claro com o exemplo do menino que vai com a menina ao cine e se vale da comoção gerada pela história para levar a cabo seus próprios interesses sexuais/ afetivos. Assim, duas pessoas, caladinhas lado a lado, conversam intensamente. O cinema talvez seja isso, o limite compartilhado.
A partir dessa idéia, imaginei a história de dois alguéns que não pudessem ser vistos juntos. A despeito dessa proibição, marcam um encontro no cinema. Quase-encontro, na verdade. Não podem ser vistos juntos. Senta-se ela aqui, na décima fileira, senta-se ele lá, na décima-quinta. Não dizem oi. Assistem à mesma película, na mesma sala, na mesma sessão. Não se encontram no espaço, encontram-se no filme. Trilha sonora, peripécias, paisagens, tudo diz respeito a eles, tudo os envolve sob o mesmo manto videotatuado. Estão juntos, afinal. Com o The And (essa grafia é do arnaldo antunes), cada qual toma seu caminho. Talvez não tenham cruzado um único olhar, mas a sensação é de terem passado um final de semana em lua-de-mel na ilha de fernando de noronha.
Baculejo eu gosto porque parte da idéia de que todo mundo seja bandido, até prova em contrário (bandidos: somos todos ou não é ninguém). O baculejo é democrático, nos irmana na condição de suspeitos. É bom para o espírito, se ver em situações depreciativas. (Dia desses mesmo, fiz um exercício nesse sentido. Estávamos eu e os meninos do Porcas Borboletas à espera da van que nos conduzisse à alguma puta que pariu. Vi 10 reais em cima da mesa. Esperei o momento em que o dono do dinheiro estivesse olhando para meus lados, e discretamente dei o bote nos 10 reais. Quis ser pego roubando. Foi edificante.) Gosto também de baculejos porque os associei a bons eventos, jogo de futebol, xou de roque, adrenalina. Tomar uma geral é sempre o prenúncio de fortes emoções. Vale lembrar, ainda, que o baculejo talvez seja o gesto mais sincero do Estado, do establishment, ou das forças detentoras de poder. Daí minha sugestão aos donos de sala de cinema: implementar o bom e velho bacu, para todos os menores de 60 anos, não a fim de manter a segurança do local – esse papo já encheu o saco – , mas para satisfação pessoal dos espectadores.
Porque filme no cinema é flaflu, pega pra capar, matar ou morrer. Nunca se sai ileso. Lágrimas, comigo, sempre. Não tanto pela história, pela catarse com as personagens, mas pelo meio, pelo suporte em si. Choro pelo cinema, antes de chorar pelo filme.
Agora o prazer de assistir a um filme a dois é indescritível. Duas pessoas no cinema são a representação exata do estar juntos nesse mundo, pensado sob a ótica do trinômio eu x o outro x a vida (a vida, claro, sendo o filme). Entre uma pessoa e a outra, o filme acontecendo, na condição de diálogo entre elas. Isso se torna claro com o exemplo do menino que vai com a menina ao cine e se vale da comoção gerada pela história para levar a cabo seus próprios interesses sexuais/ afetivos. Assim, duas pessoas, caladinhas lado a lado, conversam intensamente. O cinema talvez seja isso, o limite compartilhado.
A partir dessa idéia, imaginei a história de dois alguéns que não pudessem ser vistos juntos. A despeito dessa proibição, marcam um encontro no cinema. Quase-encontro, na verdade. Não podem ser vistos juntos. Senta-se ela aqui, na décima fileira, senta-se ele lá, na décima-quinta. Não dizem oi. Assistem à mesma película, na mesma sala, na mesma sessão. Não se encontram no espaço, encontram-se no filme. Trilha sonora, peripécias, paisagens, tudo diz respeito a eles, tudo os envolve sob o mesmo manto videotatuado. Estão juntos, afinal. Com o The And (essa grafia é do arnaldo antunes), cada qual toma seu caminho. Talvez não tenham cruzado um único olhar, mas a sensação é de terem passado um final de semana em lua-de-mel na ilha de fernando de noronha.
Jogo de luz
fogueira no deserto iluminando o rosto de dom juan.
paraíso por detrás da cachoeira.
lampião apagando a lamparina pra apertar maria bonita no capim do bom sertão.
cartão vermelho subindo pela mão do juiz.
a tarja preta do remédio do filho da patroa.
luz que se acende no flagrante do adultério.
paraíso por detrás da cachoeira.
lampião apagando a lamparina pra apertar maria bonita no capim do bom sertão.
cartão vermelho subindo pela mão do juiz.
a tarja preta do remédio do filho da patroa.
luz que se acende no flagrante do adultério.
sempre nunca
Tá no orkut da Camila Saad, isso que é lindo:
Amanhã tudo pode acontecer
Inclusive nada
Faz lembrar a idéia daquele poema do Mário Quintana, a de que só exista um único sinônimo perfeito: entre tudo e nada.
Por analogia, podemos enfiar outro, entre nunca e sempre.
Na roça, soube disso isturdia, ainda há os antigos que dizem nunca, quando querem dizer agora.
_Vamos tomar banho de ribeirão?
_Nunca!
_Em qual você prefere?
_No do peixe.
Isso porque, os ex-seminaristas se lembrarão, nunc em latim significa agora. E o nunca atravessou os tempos e permaneceu com esse significado na roça. Aliás, atravessar os tempos: talento do nunca, e da roça.
Amanhã tudo pode acontecer
Inclusive nada
Faz lembrar a idéia daquele poema do Mário Quintana, a de que só exista um único sinônimo perfeito: entre tudo e nada.
Por analogia, podemos enfiar outro, entre nunca e sempre.
Na roça, soube disso isturdia, ainda há os antigos que dizem nunca, quando querem dizer agora.
_Vamos tomar banho de ribeirão?
_Nunca!
_Em qual você prefere?
_No do peixe.
Isso porque, os ex-seminaristas se lembrarão, nunc em latim significa agora. E o nunca atravessou os tempos e permaneceu com esse significado na roça. Aliás, atravessar os tempos: talento do nunca, e da roça.
o porquê de tudo isso
blog é igual cu, todo mundo tem o seu. e quer mostrar.
meta: deixar falar da gente o deus cuja voz chegue direto ao deus dos outros.
meta: deixar falar da gente o deus cuja voz chegue direto ao deus dos outros.
Chamada a cobrar
Senhoras e senhores, recebam meu efusivo bom dia boat arde bom à noite. Deusa jude, porque acaba de estrear o blog do danislau. Um blog sem pornografia, com exceção daquela sempre pertinente a um blog de poesia marginal. Um blog sem vírgulas, como compete a um site de poesia concreta. (Vírgulas não cabem em um texto urgente). Um blog onde desaguar as (m)águas de uma madrugada-enxurrada, porque a tela é ao mesmo tempo oceano e estrela: joga na cara do poeta luz diversa da que ele julga emanar enquanto escreve. No que vem o sol, não há estrela que resista. Míngua a luz na cara fosforescente, desfaz-se o parêntese que é a noite, desfaz-se esse blog que também é parêntese.
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