caminhando por ipanema, vejo passar a bicicleta, melhor, vejo surfar a bicicleta - o calçadão de ipanema é uma onda eternizada, onda plana e quieta, movimenta o que é arredor
à deriva, sem remar com os pedais, vai a menina absorvendo o mar com desesperado deslumbramento
desde quando a vejo? desde sempre a vejo
o acaso (a onda de cimento sobre a orla de ipanema) nos conduz ao arpoador
ocorre-me argumento para poema: que todas as paixões no rio devem começar com o som de grito e asas de gaivota levantando vôo
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poeira de surfistas quase de pé sobre o oceano
vou escrever no papel e entregar pra essa menina devorando o mar:
q a tarde dedica a ela sua constelação de anjos surfistas
por embargo da timidez, dedico eu mesmo a ela o melhor que eu posso oferecer: a sinceridade dos meus movimentos de yoga picareta - sei que fico lindo quando faço uma yoga com sinceridade
no auge do transe, sinto que ela me sente. sinto que a tarde vai cair e ninguém nunca vai embora. nem eu nem ela nem os surfistas nem o mar.
eu vim embora.
os surfistas o mar e minha arquetípica garota de ipanema continuam lá.
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