anéis de saturno

a gente tava conversando e as mensagens que vc mandava simplesmente sumiam, não chegavam à minha tela. acho q tem um buraco negro instalado no meu computer, engolindo o q vc diz. preferia ele engolisse o que eu disse pra vc. muita bobagem? não consigo sentir e ficar calado, vc sabe. fui fazer um café, começou nosso papo, quando me lembrei a água já tinha toda se evaporado. foi o buraco negro que bebeu o meu café. ontem vi vc na festa, quando tive coragem pra te dizer oi não te achei mais. ê buraco negro. mas gosto dele. sei que um dia vamos visitar o quartinho onde ele guarda todas as nossas coisas.
ontem teve uma lua no céu da universidade federal de uberlândia. as sibipirunas produzem suas flores amarelas que produzem seu perfume sutil que minha alma aprendeu a captar desde sempre

teve festa lá, depois de muito tempo dei um rolé na noite uberlandense. coisa q sempre faço na ufu: me desapego da multidão e saio passeando pelo escuro amarelo das luzes de mercúrio.

de longe pude ouvir os rumores. fui então cultivando a lonjura, saindo da festa, me aproximando da lua. a placidez quase falante da lua. pensei em ir embora.

voltei pra festa, peguei uma cerveja, passou uma saia, entendi o transcorrer: sempre se dirigindo. não há estacionamento.

Porcas Borboletas - mil e uma noites



foi a vida quem imprimiu na fita as imaginações compartilháveis por youtube

a gaveta está aberta
q sol se liberta?

mil beijos solares meus, danis

porto velho

em porto velho, amanhecido de todas as noites anteriores: finda a turnê do porcas

mil e tantas noites em 21 dias.

ecoando na minha câmara de eco, a voz dos caras, a voz do mar. foram 21 dias de treta nenhuma, o que vi foi o sorriso faceiro embandeirado no rosto, o gesto solto, nada sério, tudo muito sério.

as dores, que prefiro chamar de dolores. a saudade cortante do filho. a precariedade de recursos. o sexo se agigantando, incomodando as entranhas. tesão de praia, os sonhos noturnos banhados de suor e saudade. uma sensação de perdição. perdidos do lado de lá, o de sempre nos escapa. não há vida depois da morte, pq se há vida depois da morte o que não houve foi a morte.

o mundo deve ter corrido sozinho, à revelia. os ajustes foram feitos, na minha nossa senhora da ausência. donde essa sensação de alijamento, de estar de (e por) fora. talvez não encontre mais lugar nessa sala de sentar. meu filho pelo menos venha brincar comigo.