te amo te atro
vi essa camiseta com uma menina no programa livre, os peitos dela ondulando a frase, expressividade nas alturas. Camiseta apertadinha pelos peitos tem tudo a ver com amor. isso pra não falar na palavra teatro quebrada ao meio, como se tivesse rompido com a ondulação que lhe dá base - that´s what teatro is all about. aliás, convém sempre observar o relevo invisível sobre o qual se assentam as frases, mesmo quando escritas sobre papel ou tela de computador.
não fique puto, vá à forra!
já essa frase, na peita de um rapaz, carecia sem dúvida de expressividade topográfica, mas valia a pena por sua exuberância (anti)ética. As frases não pedem sempre nosso concordar ou discordar, fazer juízo atrapalha, vamos tirar a camiseta? tá um calorão.
no stress
pérola da plurissignificação. uma mesma frase, com apenas duas palavras, trazendo dois sentidos completamente opostos.
no stress: no, em inglês, negando a existência do stress.
no stress: no, em português, afirmando a existência do stress.
longe desse blog sugerir o humor disso, que em portugês está o stress e que em inglês não.
mas o paulo miklos, que sempre pinta com umas camisetas geniais, foi fundo no que um anagrama pode dar, para se apresentar com os titãs com os seguintes dizeres sobre o peito:
on drugs
e essa, também com o miklos?
tolerância zero - ninguém presta
Nem eu, nem o miklos, nem o giulliani, nem o lula, nem o papa, nem você, nem o anthony garotinho, nem o collor, nem o jefferson, há nens.
ai ai
enfio os pés na areia do posto nove esbarro na bagana acendo ascendo passa uma menina com o balanço dos quadris regido pela areia em que caminha e pelo volume de suas carnes e quem sabe certamente pelas ondas do mar desse rio de janeiro que quanto mais folclórico menos decepciona
eternidades antecipadas
Minhoca já morta trafegando entre a fome suicida dos peixes do pesque-pague.
Languidez da menina abismada entre o sexo e o desmaio alcoólico.
Pescador na praia calculando os rios de vento através dos quais sobrevoar o mar com sua jangada de pau.
Languidez da menina abismada entre o sexo e o desmaio alcoólico.
Pescador na praia calculando os rios de vento através dos quais sobrevoar o mar com sua jangada de pau.
o sotaque tá no timbre
Tirou a palavra da minha boca quem ia falar.
Falo eu ou fala você?
O circuito da informação, dentro de mim, infelizmente tem mão única. Ou escrevo ou leio. É in ou out. No momento, estou in, yin. Lendo todas aquelas coisas - lispector, rosa, fonseca - que por algumas semanas me fazem calar a boca.
Às vezes o silêncio atravessa meses.
Seria o caso de ficar calado, frente a essas produções geniais?
Autor, um personagem do rubem fonseca, teria dado essa lição ao jovem escritor: "menino, escreva o SEU livro".
Ante essa lição, silenciar, acender a tela do computador, mandar brasa. o que restar de cinzas ao pó voltará.
Falo eu ou fala você?
O circuito da informação, dentro de mim, infelizmente tem mão única. Ou escrevo ou leio. É in ou out. No momento, estou in, yin. Lendo todas aquelas coisas - lispector, rosa, fonseca - que por algumas semanas me fazem calar a boca.
Às vezes o silêncio atravessa meses.
Seria o caso de ficar calado, frente a essas produções geniais?
Autor, um personagem do rubem fonseca, teria dado essa lição ao jovem escritor: "menino, escreva o SEU livro".
Ante essa lição, silenciar, acender a tela do computador, mandar brasa. o que restar de cinzas ao pó voltará.
blog em espiral
Este blog vai acumular tantos posts, mas tantos, q vai parecer a ficha policial do bandido da luz vermelha. Vai, como diz o wally, encher de brocas o muro do calendário. Chegado certo momento, os posts serão deletados, um a um, do último ao primeiro. Modo de se manter sempre atualizado.
_
Nesse caso, não há q se falar em blog em espiral, mas em blog circular, já que a volta do delete vai encontrar cada post no mesmo ponto, sem alteração em seu corpo. A volta da espiral não: ela volta, mas passa por outro lugar. É a mesma coisa, sendo outra.
_
Cada post, ou seja, cada ponto, será o mesmo, sem alteração em si. Mas muda tudo, porque muda a leitura.
o primeiro milagre
jesus cristo, exato nos seus 30 anos, participa festivo, sandálias à parte, do aniversário de um amigo. carisma de sempre, o olhar de sempre, tomado por cada um dos seus 15 tipos de saudável embriaguez, uma das quais sendo a do vinho, que já vai nas últimas - jesus é total. avisado da má notícia do fim do goró, consulta sua mãe, que responde com um não de cabeça. a pergunta silenciosa não dizendo respeito à grana, à contribuição na vaquinha, porque o que havia de tutu nas algibeiras dos presentes já tinha descido para a venda, disso todo mundo sabia. à sua doce mãe, jesus perguntava: "que tal lançar mão do meu talento secreto? a causa é boa..." ene á ó til, que em aramaico é outra coisa, sendo a mesma.
falou o instinto dionisíaco. contrariando a mãe e os preceitos, jesus opera, antes da hora prescrita, e motivado talvez pela sede - sede de vida, de vinho, de contato, de alegria, de festa! - seu primeiro milagre. isso, sobre a precipitação de jesus, está na história oficial, não é caô de blogue. tal gesto constitui-se como um dado fundamental para qualquer pensamento sobre a figura de jesus, mesmo que male porcamente tenha sido visitado pela historiografia oficial, temerosa pelo mau exemplo de um cristo jesus boêmio.
talvez com o muslabum de um ravengar, ou o abracadabra do mickey feiticeiro, jesus transforma a água em vinho. é claro que lhe era interessante causar algum frissom com seus talentos, o vigor de sua Mensagem dependia disso. mas é interessante pensar, antes de superpoderes naturais, em poderes supernaturais. a técnica sempre teve, aos olhares do leigo, cores de magia.
_ tem água aí, pelo menos?
_ temo sim.
_ uva?
_ na hora.
_ fermento de pó royal?
_ iés.
_ joga na mão.
_ pra que, rapaz, vai fazer lambança de novo?
_ aguarde e confie.
Muslabum!
_ que isso, bicho, o cara transformou água em vinho!
_ um brinde.
_ axé!
_quem é esse cara?
_não sei, mas é um gato.
falou o instinto dionisíaco. contrariando a mãe e os preceitos, jesus opera, antes da hora prescrita, e motivado talvez pela sede - sede de vida, de vinho, de contato, de alegria, de festa! - seu primeiro milagre. isso, sobre a precipitação de jesus, está na história oficial, não é caô de blogue. tal gesto constitui-se como um dado fundamental para qualquer pensamento sobre a figura de jesus, mesmo que male porcamente tenha sido visitado pela historiografia oficial, temerosa pelo mau exemplo de um cristo jesus boêmio.
talvez com o muslabum de um ravengar, ou o abracadabra do mickey feiticeiro, jesus transforma a água em vinho. é claro que lhe era interessante causar algum frissom com seus talentos, o vigor de sua Mensagem dependia disso. mas é interessante pensar, antes de superpoderes naturais, em poderes supernaturais. a técnica sempre teve, aos olhares do leigo, cores de magia.
_ tem água aí, pelo menos?
_ temo sim.
_ uva?
_ na hora.
_ fermento de pó royal?
_ iés.
_ joga na mão.
_ pra que, rapaz, vai fazer lambança de novo?
_ aguarde e confie.
Muslabum!
_ que isso, bicho, o cara transformou água em vinho!
_ um brinde.
_ axé!
_quem é esse cara?
_não sei, mas é um gato.
ensaio
aproveitar o upgrade de sensibilidade proporcionado por essa gripe fedaputa pra ler algum conto do joão guimarães rosa
................................
em meio aos delírios febris me lembro daquela jornada
serra da canastra, eu e um amigo de a pé, acampados, modo de eu recuperar a insensibilidade: ferido, em-flor, pelo fim - do último relacionamento
no sertão, de a pé, nem zé bebelo: sucumbi, somático, desidratado
agonizando na barraca, pergunto ao giordany pelos perigos dessa garrafa de álcool perto da fogueira.
ao que ele responde, que isso meu filho, o álcool tá 20 metros adiante.
talento nato, captei os eflúvios distantes do volúvel líquido.
faro refinado de quem tá dodói.
nisso, intuí o valor do adoecer antes da morte. upgrade de sensibilidade para receber a visita fatal, vivenciá-la ao máximo.
donde os versos constantes no herói hesitante:
adoeço pra morrer
porque quero morrer
sent
indo
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em meio aos delírios febris me lembro daquela jornada
serra da canastra, eu e um amigo de a pé, acampados, modo de eu recuperar a insensibilidade: ferido, em-flor, pelo fim - do último relacionamento
no sertão, de a pé, nem zé bebelo: sucumbi, somático, desidratado
agonizando na barraca, pergunto ao giordany pelos perigos dessa garrafa de álcool perto da fogueira.
ao que ele responde, que isso meu filho, o álcool tá 20 metros adiante.
talento nato, captei os eflúvios distantes do volúvel líquido.
faro refinado de quem tá dodói.
nisso, intuí o valor do adoecer antes da morte. upgrade de sensibilidade para receber a visita fatal, vivenciá-la ao máximo.
donde os versos constantes no herói hesitante:
adoeço pra morrer
porque quero morrer
sent
indo
Star Putz e as naturezas proibidas
here I am (can I call it a place?), between video in and video out. between audio in and audio out. my blood is a signal flaw. my steps are frames. space is rolling. time is not here.
satélite sacy
saci só se vê
se solto no terreiro
e preso na peneira
satélite sacy
se preso no CD
tá solto no terreiro
a meia perna inteira
se solto no terreiro
e preso na peneira
satélite sacy
se preso no CD
tá solto no terreiro
a meia perna inteira
domingo de ramos
foi sincero o beijo de judas, isso ninguém tira da minha cabeça. bezerra da silva nos ensinou que há centenas de maneiras de se apontar alguém, um ó é aquele ali ó já resolvia o problema. jesus ter sido traído com um beijo é uma puta imagem, poeticamente, mas não convence, em termos de verossimilhança. dá pra sentir o cheiro de coisa escondida, de há-mais. desconfio que judas fosse um cara legal. o que atrapalha muito sua fama, penso, é esse sobrenome infeliz. iscariotes. eta nome feio! chamasse judas tadeu, como seu xará e colega, talvez a história tivesse sido menos cruel com sua figura. a melhor interpretação para o gesto fatal da suposta traição é a que aponta para o princípio da economia. coube a judas, muito a contragosto - isso consta na história oficial -, a tarefa de dedurar jesus a seus algozes. o filho do homem devia saber que a melhor maneira de potencializar sua mensagem era a martirização, donde seu bate-papo desesperado com deus na sesta da santa ceia (fidel castro continuou vivo, e o impacto de sua figura é mínimo, se comparado à do mártir che guevara). alguém teria que fazer o serviço sujo. jesus prenuncia/ confia essa missão ao iscariotes, que fica puto, mas aceita a missão e a má-fama dos trinta dinheiros. na hora agá, prevalece o princípio da economia: com um único gesto, o beijo, judas aponta jesus e diz a ele, de coração: "gosto de você pra caralho, bicho". até hoje ninguém entendeu a equação de judas, tão sofisticada por equilibrar no mesmo gesto duas ações aparentemente antagônicas. talvez resida aí antagonismo nenhum: o beijo de judas, meus amigos, foi coisa de entendidos, coisa deles, dos dois só. lavar a boca antes de falar de judas iscariotes.
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