JÁ SEI !

já sei !

vou passar o reveion na puta q o pariu!

que se

acabei de assistir o clipe de a little respect, do erasure

lembra? "i try to discover..."

vi no vh1, q descobri agora e q me apaixonou

aí tem uma hora do clipe em q o rapaz à esquerda do video passa para o rapaz à direita a palavra "respect". isso com uma certa insolência doce, uma expressão q precisava transmitir a idéia de q se tratava, ali, de uma relação entre namorados

achei bonito. ingênuo e bonito

isso me lembrou esse papa aí q tá no poder, nem ingênuo nem bonito, morando em roma, guarda-roupa cheia de batina roxa e creme hidratante contra as rugas de caráter

(padre marcelo rossi, lá onde vc comprou essa carinha de santo... tinha pra homem não?)

o papa. é, o papa. ele disse pro jornal nacional q o "comportamento homossexual" era algo indesejável, a ser limado da face do planeta.

isso me trouxe à mente tb o dia desses em q, numa mesa de bar, defendi a idéia: intolerância sexual não seria apenas intolerância sexual contra essa ou aquela orientação.

q pode existir, e existe, intolerância sexual (e afetiva) contra menino gostando de menina, e contra menina gostando de menino, tb

e q esse tipo de intolerância era muito revelador, mais revelador até q a intolerância contra orientação: nesse caso, o intolerado não é a opção sexual, mas o amor em si. o amor, centro de nossa cultura romântica e novelesca, paradoxalmente, parece ser pouco e mal tolerado

apesar de indisfarçavelmente preconceituoso (a sociedade é preconceituosa, logo, e infelizmente, tb sou), desde sempre simpatizei com os impossibilitados de amar

isso, nos abaetés da vida, não era raro

me lembro das recém-enviuvadas bailando felizes da vida no reveillon, nos braços ou nos olhos de alguém em corpo presente, vida-reveillon execrada pelas viúvas de marido vivo

ou dos tiozões respirando amor diante de menina com idade pra ser neta dele. ela por sua vez respirando amor pelo homem que nem de longe lembra o avô. e tudo ficando por isso mesmo, q safadeza tanta longe daqui pelamordedeus

coisas assim

(pimenta no olho dos outros é refresco. refresco no olho dos outros é pimenta)

eros - cupido - é cego. é tiro q viaja cego e é tiro que cega o alvo.

eros - cupido - é menino, traquinas. quem nunca foi bumbum pras flechadas de cupido q se lamente profundo.

boas vindas

essa chuva esverdeando nossos campos, preparando o ano pro reinado de oxossi

dia desses estive de frente à mata pura do parque do sabiá

e ali meu ogum se despediu de mim. e ali meu oxossi disse oi, estou por iniciar minha regência

ogum, meu pai, que qdo se sentou no trono do ano de 2008 apareceu em sonho pra dizer: "vou bater o pé no chão, e muita coisa vai cair. assim despojado, terei o meu guerreiro pronto"

ogum iê.

e salve as folhas.

hiroshima nagasaki pururuca

hj é natal então eu pus então é natal da simone e fui comer sozinho o leitão que arrematei barato hj no leilão. arrematei, papel silofane parecendo embrulho de presente, self service nesse dia especial não dá

é o primeiro natal que passo sozinho. sozinho, sozinho, não, né. pq tem o leitão. pq ela não tem mais. ela foi embora.

mas eu virei o leitão com a cara pra lá, muni-me de galfo e faca e espetei. e comecei a comer. e fui comendo. e fui me lembrando dela ter ido embora e fui comendo. e fui me lembrando q estava sozinho no natal e fui comendo. e fui me lembrando que tinha voltado ao vício do ueifer e fui comendo. e fui me lembrando que tava comendo e fui comendo.

aí a gordura da pururuca começou a fazer o garfo querer ir embora, como a vida é escorregadia. tudo escorregando, eu disse some daqui filho da puta, e comecei a comer com a mão. aí a vida é escorregadia e o leitão tb é e ele foi parar no chão e eu fui atrás com as mãos tudo lambrecada. eu já tava sem camisa e éramos nóis dois rolando no chão nesse natal. eu estava ofegante, o leitão tb. eu comecei a chorar e o leitão parece q tb. nosso carnaval natalino: suor, lágrima e gordura. chão

tudo correndo daqui, tudo escorrendo, a mão não dava mais pra segurar o leitão. e eu fui de dente, mordi o danado, a cara toda de gordura, ninguém vê mas eu sinto.

(em parceria com hudson rabelo)
paulinho da viola fez, do seu jeito ele fez, um samba para o infinito

a cor de nuvem, na moeda

um dia será o caso de se buscar algumas formulações a respeito desse negócio de ficar pisando de lá pra cá em cidade outra, cidade que-não-a-nossa.

pq estar muito tempo em cidade outra gera no titio um estado de embrutecimento que, por paradoxal q pareça, acaba meio coincidindo com um estado se sensibilidade aguçada.

sensível-bruto, caminhando por são paulo, acredito reconhecer um pouco desse transe nos infinitos moradores de rua dessa gothan city.

sensível-bruto, consigo perceber o diálogo estabelecido entre todas as estátuas desse centrão de deus nenhum. as estátuas estão em constante diálogo, isso é evidente. e se alguém se vê em condições de participar desse papo são esses mendigos todos com cara de estátua.

a propósito: a estatua do anchieta, na praça da sé. a perfeita figuração do Lunático. túnica, cabelo querendo-se auréola (aquela aberração que é a careca rodeada de cabelo), cruz na mão. grande, grande, ocupando andar de cima. nessa praça repleta de loucos, até a estátua - e principalmente a estátua, o totem - afigura-se O louco.

embebido do centro de são paulo, sei q a plástica dessa intoxicação é o cinza velho das estátuas, o cinza das construções antigas, o cinza do asfalto, o cinza da pele e das roupas e da expressão dos moradores de rua. wesley duke lee, q ilustrou o paranóia, do roberto piva, sabe disso. eu, q me despeço agora desse centro, corro atrás, viciado, da loucura do centro de belo horizonte. sei que não vai ser difícil encontrar, pq o plúmbeo parece ser mesmo o timbre de nossas metrópoles.

entrevista com o hugueney

Opa.

tá no youtube essa entrevista minha com o genial hugueney bisneto, quero compartilhar com vcs.

bacana q essa gravação se deu num dos dias mais legais da minha vida. de manhã, rolou essa entrevista. na tarde, gravei com o wagner schwartz e com o castor os videos q vieram a constar no Placebo 2008, coisa de q muito me orgulho. e de noite me encontrei com a lua e com a perfeição na aabb, no meio do mato.

um dia conto tudo. agora não, pq agora vou tratar de fazer DESSE QUE CORRE um dos dias mais felizes da minha vida tb, pq não?

(viver é hard)

GATA

meu amor

musa inspiradora dos meus sonhos mais cinemitalianos!

vamos montar uma peça do nelson

só eu e vc em cena

ngm na platéia

quero sair de carro com vc, gritarmos urru com a cabeça pra fora da janela

e utererê com a cabeça pra dentro

sabe

deu vontade de escrever uma palavra em latim na sua pele com pena de pavão embebida em tinta de intoxicação deleitosa

qdo vc está numa nice vibe, é ultra plus

Vou olhar meu horóscopo de ontem
sacar desde quando

sabe vc

vc pinta eu perco a voz, enfio a mão no bolso, fico vermelho, não consigo dizer nada legal

mas mesmo assim faço cara de james bond

meu nome é bonde

desde ontem

mais

a poesia sempre está em língua estrangeira. li essa frase (q não sei bem se era assim mesmo, mas afinal de contas o q é ler, senão distorcer?) em algum texto do mestrado em literatura, e amei de imediato. não me detive muito no exercício de torná-la clara pra mim - para dizer como o outro: entender a danada. gostei de mais ou menos entendê-la. hj me dou conta q nesse meio entendimento eu havia me ajustado bem à frase.

a micheli minha amiga adora repetir, na minha frente, a história em que eu, obrigado pelo mesmo mestrado a dar algumas aulas para a graduação, me vi à frente da turma em que ela estudava. o tema era: oswald de andrade. aí fomos ler um poema do pau-brasil. a versão dela: alguém perguntou o q significaria determinada palavra, e eu, meio rolando lero, teria dito "q maravilhoso isso, lermos um poema e não sabermos o significado de alguma palavra. poesia é isso, é navegar na estrutura, no estranhamento, talvez seja hora de nos libertarmos do vício semântico, do vício-em-entender, etc etc".

minha versão é mais sem-graça, e parece querer me desculpar, por isso prefiro a dela. a minha: eu teria escolhido estudar aquele poema e ir adiante mesmo sem procurar no dicionário o q significaria a dita cuja. nisso talvez encontrar uma coincidência com o preceito antropofágico do oswald: transformar o tabu (não saber o significado da palavra) em totem.

mergulhar na surpresa é o título de um disco do maurício pereira.

digo tudo isso para invocar as imagens com que banhei minhas retinas ao longo dos últimos dias, em são paulo. a consolação de baixo, no centrão, com suas luzes de mercúrio - vazia. madrugada alta nas imediações do apartamento do porcas.

(o helinho acabou de, carinhosamente, me chamar de mendigão)

mas eis q o mundo se afigurou deliciosamente estraño para esse cidadão q vos fala, desde o desembarque na capital dos paulistas.

a avenida paulista me recebeu com seus braços (mil prédios) abertos qdo eu saí do cinema em q havia acabado de assistir ao filme do carlos nader sobre o waly salomão, pan-cinema permanente. a maryllu me viu no meio da multidão, gritou danilo com aquela voz de quem acaba de reconhecer um amigo em terra estrangeira, e qdo me virei pude perceber o estranhamento dela em me ver ainda com lágrimas nos olhos, cara chorada, esfregada no chão do sofrimento bom. achei perfeito encontrar a maryllu, uma pessoa q vive intensamente a Poesia, naquele lugare naquele momento. um dia direi a ela o q agora percebo. q maryllu e waly são anagramas. o w do waly a gente consegue invertendo o m da maryllu. anagrama omni-direcional. panagrama.

isso com a maryllu foi, de certa forma, o q se passou comigo qdo saí, não menos extasiado, do teatro oficina, para cumprimentar tímida e reverentemente a atriz anna guilhermina, de quem sou fã desde a primeira vez q fui ver os sertões. o fato é que, depois das 5 horas e meia de profunda experiência coletiva, com o fim da peça, ela, ainda com o figurino de balões negros mais ou menos cheios em volta do dorso nu, posta-se arrebatada, lágrimas distorcendo a maquiagem, em frente ao teatro, quase na rua, para consumir com paixão o penúltimo cigarro da noite.

boa noite, ela disse qdo eu disse com sinceridade: muito obrigado. boa semana, inteirou ela, e eu entendi essa frase ao pé da letra, pq senti em sua inflexão o desejar mesmo aquilo, uma boa semana pra mim, ela desejou. uma ótima vida pra vc, aumentei, mas só pensando. a poesia está em que língua mesmo?