Neukölln inn

Era uma vez um david bowie dilacerado pelas bads do vício da cocaína toda-hora

Apesar de trincado, conseguiu arrumar as malas e partiu pra berlim. Foi morar com iggy pop.

Cada qual em seu quarto, imagino que cheirasse a cigarro e maconha o apartamento deles. Piso de taco? Revistas no chão? Que música era?

Voz dos dois, certamente. A saudade da cocaína. Os discos em que vinham trabalhando. O toctoc de gente andando pela casa, na madrugada

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O apartamento do william burroughs ficava mas era em tanger, africa. Dava a impressão de estar sempre parado, estacionado sobre si, o apartamento - que era na verdade um quartinho de bordel. Próprio burrow, q é como carinhosamente o chamo, teria dito que ali eram horas e horas sentado na cadeira com os olhos fixos sobre o bico do sapato. Recorde mundial de olhos-fixos-no-sapato, quem somos nós, amantes do esporte? Burroughs menciona o número das 12 horas. O planeta está girando, amigos, mas o homem de terninho e chapeu, nosso personagem, está fora da dança. Burroughs está em outra, e sozinho. Perfume do apartamento dele, aqui na minha lembrança, era de cigarro, ópio, haxixe e outros fumáveis que essa criança aqui não veio a experimentar, pra dizer. Burrow devia passear sempre no fim de tarde, depois de acordar, e tanger se afigurava em polvorosa explosiva: gente pra tudo q é lado, pano estendido voando no vento, o timbre das vozes todas. Suor sobre a camisa de botão, burroughs devia gostar muito daquilo.

Teve o dia em q pintaram o allen ginsberg e o jack kerouac, e deve ter havido um momento inicial de silêncio. Os amigos recém-penetrados no quarto, três segundos de chapéu pousado na cama. O calor e o caos de tanger lá fora, silêncio calmo de monges lá dentro.

Um comentário:

wagner schwartz disse...

O apartamento era enorme. Cada qual com seu quarto enorme. Eles sabiam do que precisavam naquele lugar: Uma estado de solidão que os ajudasse a escutar os timbres que a indústria engolira. Eram homens, adolescentes deitando naquelas camas, também, com vontade de trocar estórias. Nada além dos hábitos das figuras de Berlim. Duas vidas e um monte de intenção misturadas. Não eram as drogas que faziam aquelas vidas mais doces, mas a vontade de ficar por ali o tempo que fosse necessário. Eu também morei nesse apartamento e deitei nessas camas, mas 30 anos mais tarde.