trans-percepção

papai noel com os dedos lambuzados percorrendo-me por inteiro em busca de felicidade espiritual (a)palpável.


sou um astro do nordeste. como eu, só zé ramalho. como ele, sou um misto de mystico com nordestino. se bem q tá difícil manter a cara de mystico depois do tanto de farinha que eu cheirei.


papai noel ou coelhinho da páscoa, não me lembro bem. Só sei q arrebentei a cara dele, com aquele papo de ah sou chocólatra. Tava eu e minha ex-namorada, q inclusive terminou comigo (pra sumir pra sempre) nesse dia. Um cara fantasiado de zarolhinho da páscoa querendo introduzir o dedo achocolatado logo onde em mim? minha namorada falou q tinha nada a ver, como não teve nada a ver o dia em que ela matou minha dolinha dentro do banheiro com o cover do raul, pra sair com cara de como sou louca, falei pra ela.


chocolate meio amargo. com açúcar ou adoçante? não é possível q é nóia minha, mas tá todo mundo querendo comer meu cu? o cara me olha com cara de maroto no coletivo e diz bom dia, como quem dissesse: é hoje ou não é?
....
cheiro as costas da minha mão, adivinho percursos sombrios através desse corpo que deus-me deu. meus segredos estão todos ali, nas costas de minha mão. portanto devo me resguardar. da palma, forjo um escudo. vc também faz isso. estamos todos escondidos por trás de mãos e braços. para de noite dormimos em posição fetal.

pedra em pó

Eu coloquei em risco meu futuro em nome das promessas que você me fez naquela noite. Espelho espelho meu, existe alguém mais espelho do que eu?

Dessa vez é jogo limpo, pode confiar. Além do que, seu talento é evidente. Conheço seu jeito midas de ser: só tocar no que pode se transformar.

Falando nisso, fiquei muito chateada com aquela história que vc contou, morrendo de rir. A do garimpeiro capiau que achou um diamante e foi vender pro coronel, que ofereceu doze mil reais. O capiau, meio surdo de algum ouvido, entendeu dois mil reais. Recusou a proposta, coragem pra peitar: só vendo por três mil. Hoje brilha na mão de dona lourdinha o diamante.

O pessoal conta que o rapaz ficou muito ofendido com a circulação dessa história. Magoadíssimo com o coronel. Embora entendesse que, a ele, não fosse possível agir de outra forma. Bate peneira todo dia desde as 6 da manhã, alimentando a idéia de se vingar na próxima negociação, porque não foi pra ser bobo na vida que seu pai o criou com tanto carinho.

primavera nos dentes

a melhor fase da vida de um homem é qdo ele começa a bater punheta.

o eric, amigo nosso, organizava uma verdadeira excursão pessoal pro banheiro. fazia malinha, entrava com mochila pendurada nas costas, cheia de revista playboy. como se estivesse indo pra aula. até lanche tinha na mochila.

saía com a cara mais lavada, feliz da vida, sabedor do próprio corpo, pleno de futuro.

Um poema com meu nome

Meu nome de batismo é Danilo
Na rua, Cu-de-grilo
Hoje meu nome é Danislau

Meu nome completo é Danislau Também
Ninguém sabe meu nome verdadeiro
O que eu falar que é, é porque é
: Danislau Também

Quem eu falar que sou é por quem sou
Sou quem sôo
Não sou homem de bem
Sou criminoso, marginal, danislau
Danislau também

Não sou de roubar, nem de brigar na rua
Sou de fumar maconha
Sou homem de bem
Sou arrogante, irresponsável, vaidoso
vagabundo também

desenho

tá no herói hesitante esse poeminha antigo, dos q mais gosto, a despeito (e principalmente) do uso de um material verbal extremamente desgastado, como as palavras desejo, angústia e vazio.

operação

subtraio dessa angústia
o desejo
e o resultado é vazio

aí o giordany, num desses apelos-msn-ao-amigo-offliner, genialmente aplica a operação inversa, prova dos nove poética:

adiciono ao vazio
o desejo
e o resultado é angústia

nota 10!

já que é assim, que tal esse lema, palavra de poder, valha-nos:

qualquer coisa, multiplica por -1.

isso é o q podemos chamar: matemática aplicada.

a ciência pode realmente causar uma ilusão de poder em muitos casos proveitosa.
a linguagem também, por que não?

material escolar

com que prazer teria conseguido convencer a colega da quinta série a pressionar com o lápis o volume desejante sob minhas calças, com o argumento irrefutável de que lápis é lápis, mão mão, e que não haveria por que ela responder pelo que não fosse corpo seu...

porque sim, e sempre

avante!

gasolina no asfalto molhado é arco-íris pra quem tá com long neck na mão.

passa a noite em culto a dionísio, amanhece uma terra roxa na beira do rio nilo, de tão fértil. vai passear no shopping, comove-se com o esmero dos gerentes, dos garçons, dos seguranças. vê por trás do uniforme. percebe a faxineira: índia, lembra sua mãe.

existe mais filosofia do que coisas entre o céu e a terra, e o uso do cachimbo deixa a boca torta. convalesce do mal identificado pelo doutor fernando pessoa, a doença dos olhos, causada pelo vício de pensar. assim que estiver curado, pensa em passear no shopping, olhar vitrines, o é do sim, uai; flagrar o momento e suas representações.

anota insights para postar em blog. o último: de como se formam os espíritos. por "espíritos": fantasmas, entidades, etc. Algumas pessoas morrem e permanecem, não apenas como signo (uma coisa substituindo outra), não tanto como em carne e osso, mas como um meio termo, um modo de presença destituído de corpo mas constituinte de uma imagem de si na mente de outrem, a quase-substância. nisso se iguala à presença física, porque o visível, mesmo existindo por si, para quem vê existe enquanto percepção. considerado assim, um espírito existe, de fato, mas nunca por si, objetivamente. como se formam os espíritos? eles se formam na medida em que possam ser acessados, visitados, incorporados. whalt withman conversa com seu futuro leitor. o poeta japonês bashô, cujo nome-apelido significa bananeira, prenunciou que, nos tempos futuros, estaria presente quando alguém visse uma bananeira e se lembrasse dele.

a existência dos espíritos dá testemunho de outros tempos, vivenciados por todos, compreedidos por ninguém.

o poder de exu: matar o pássaro de ontem com a pedra que atira hoje.