Já estamos todos a postos para o grande lançamento do mercado editorial brasileiro do ano de 2011. Como chama o oscar do livro mesmo? Então. Favoritíssimo. Estamos falando do ROCK BOOK, coletânea de contos q a Editora Prumo leva para as livrarias de todo o brazil. Monte de escritor foda na história, e esse danislau pra constar como exceção. Taqui o convite virtual, com a escalação completa. Primeiro tempo na livraria da vila. Segundo tempo (22h) na mercearia são pedro. té jajá?
texto do marcílio sobre o carniça
E correu tudo maravilhosamente na estreia do CARNIÇA, esse fim de semana em sampa. Sei q estou devendo explicações sobre esse projeto, mas dívida para com o mundo é comigo mesmo, talento nato, vcs sabem como é.
No momento estou em retiro físico-espiritual entre as praias do litoral norte de são paulo, mas assim q voltar ao batente subo audios e videos, pq três youtubes e um picasa valem mais q mil palavras.
Em todo caso, preciso dizer q as palavras do meu amigo e consultor pessoal (e guru) Marcílio Lucas valem mais q mil youtubes.
É q o Marcílio, há mais de um ano, escreveu um texto sobre o Carniça, assim q teve seu primeiro contato com o material. Agora q o Carniça ganhou mundo, talvez seja hora desse texto tb vir brilhar aqui nas piscinas de elétrons dos monitores de nosso brazil. Reproduzo abaixo, com todo orgulho - esse é um grande momento do Star Putz - o texto do Marcílio.
...........
NICE TO MEET YOU, CARNIÇA
Ao se deparar com “CARNIÇA - uma áudio-ficção de danislau também”, o que pensar que vem por aí? Melhor nem tentar adivinhar: “Carniça” vai te pegar despreparado de qualquer maneira. Em “Carniça” permanece um traço marcante dos trabalhos de danislau: a vivacidade ao absorver o eterno do transitório, o poético do histórico. Seu foco na trivialidade mundana faz aparecer os lugares onde a história real é feita, antes de ser representada. Postos de gasolina, barracos malarrumados, lanchonetes semi-abandonadas, pátios de escola e as ruas da cidade. Eis os locais que Danislau costuma percorrer, eis a matéria-prima que costuma deglutir, para nos fornecer um conjunto de imagens envolventes, por serem, ao mesmo tempo, claras e inebriantes.
Na áudio-ficção ora lançada, as ruas, as calçadas e os viadutos são o lócus privilegiado, são o lócus de Carniça. E quem é Carniça? Carniça não toma banho, vive o torpor das drogas, ama a doce Doraluce e odeia Natanael. Por quê? Porque Natanael não toma banho, vive o torpor das drogas e ama a doce Doraluce. O enfrentamento é inevitável. O bairro Santa Mônica é pequeno demais para dois jovens que são um só. No entanto, a trama não se encerra nesse triângulo desamoroso. Ismael, o pastor decaído e decadente, pretende salvar Carniça pela força da lembrança de seu nome de registro: “Vamo sair dessa, Luiz?”. Mas Carniça se mostra impassível. Está feliz com a nuvem de mosquito que o acompanha e seguro de sua escolha pela lama, num tempo-espaço sem alternativas. A proximidade à sujeira do solo dá a Carniça uma tranqüilidade comovente. “Não se preocupe, porque do chão eu não passo”, afirma nosso intrépido herói, com toda serenidade de quem não quer crescer na vida. Serenidade que beira à altivez, como se demonstra na forma insolente com a qual abandona sua ex-posa, Juliete. Serenidade que beira ao deboche quando Carniça exige que seu inimigo pague sua prestação do celular. É que a escória tem suas vantagens; e Carniça pode sair dando ordem por aí. Perder liberta. Carniça perdeu tudo e ganhou a liberdade. Quase toda: a única coisa que o prende é o amor por Doraluce. Afora isso, não tem nada a perder, a não ser seu mau-cheiro.
Danislau nos apresenta a sujidade das ruas, mas não o faz por meio de uma apologia da escória. Ele não embarca na marginalidade convencional de simplesmente afirmar a “beleza do sujo”. O autor de “Carniça” é mais engenhoso e, a partir desse ambiente pesado, consegue nos brindar com imagens marcantes, revelando a sensibilidade de alguém para quem nada que é humano é estranho. Como bom “homem do mundo”, no sentido baudelairiano, Danislau é apaixonado pela compreensão sutil do mecanismo moral que nos rodeia. E, para tanto, em “Carniça”, vale-se da estratégia perspicaz de fazer poesia mostrando a miséria do mundo pela ótica particular de Carniça. Machado de Assis teve a grande de sacada de apontar o ponto de vista de um defunto como privilegiado, pois a sua posição além-vida garante o desprendimento, a franqueza e o desdém necessários para por à vista a mediocridade e as vacilações humanas. Danislau provavelmente não discorda, mas nos oferece outro ponto de vista não menos estratégico: o do abjeto, o de Carniça, livre das hesitações geradas pelo medo de perder.
Mas a liberdade presente em “Carniça” não é abstrata. As escolhas aparecem junto com os dilemas e as opressões do mundo. O campo de possibilidades de escolhas é limitado, pois a realidade só pode colocar as questões às quais é capaz de responder. À Natanael, por exemplo, coube escolher entre ser servente de pedreiro ou servente da pedra. A cabeça pensa onde o pé pisa. Além disso, “Carniça” revela que toda escolha tem o peso do rompimento. Escolher um caminho é abandonar outro. Assim, o “ex” ganha centralidade. Juliete é ex-posa de Carniça. Doraluce é ex-namorada de Natanael. Natanael – e também poderia ser Carniça – é ex-catequista da igreja, ex-coroinha do padre, ex-bailarino de funk, ex-baterista de samba e... ex-futuro-servente de pedreiro. Escolher entre alternativas é abandonar um ex, seja ele do presente ou do futuro. De qualquer forma, escolher é abandonar; escolher é excolher.
Essa teia entre liberdade, escolhas e seus limites é arrematada com o último personagem: Abílio Dias, o cantor da desgraça do mundo, com a risada mais linda do brasil. Apresentando seu inebriado e inebriante programa de jornalismo-desgraça, Abílio nos traz um “você decide” sem possibilidade de escolhas. O noticiário psicodélico coroa o fim da desventura de Carniça, mostrando o peso das escolhas, mesmo quando não existem alternativas. “Câmera, dá pra pegar o mosquitinho desse homem? Mostra a nuvem de mosquito em cima da cabeça desse homem!”. Sensacionalismo? Jornalismo barato que se aproveita da desgraça alheia? Nada disso. Abílio se exime dessa crítica, pois ele não faz a notícia: “a notícia quem faz é esse mundo sujo e escandaloso que você habita”. Abílio não tem culpa e você, telespectador, não pode reclamar, porque o final, você decide!
Mas falar dessa áudio-ficção somente pelo viés literário seria uma injustiça perante a melodia simples, porém irrepreensível de “Carniça”. A musicalidade – ora intensa, ora suave, mas sempre bem concebida – desenha o ambiente e constrói o ritmo das aventuras de Carniça, já a partir das duas primeiras faixas em que se apresenta o duelo com Natanael. Essa sonoridade versátil segue seu caminho no desabafo de Carniça, em “Juliete”; no desespero do pastor Ismael para “salvar” Carniça (em “Luis Henrique”) ou para tentar sair do seu próprio barraco (em “Pastor Ismael”); e na viagem surreal de Abílio na faixa que encerra a obra, gravada em um take só. Mas o destaque fica para outras duas faixas. Primeiro para “oi meu nome é carniça”, faixa dançante de auto-proclamação, que poderia cair bem em qualquer balada noturna, mostrando que o descompasso da vida de Carniça também pode ser uma batida perfeita. Do mesmo modo, merece nota o momento perfumado desta trama marcada pela ausência de banho: a faixa “Doraluce”, baladinha romântica com direito a crianças brincando ao fundo, que pinta com primor a doçura da moça xodó-da-professora-e-de-todo-mundo.
Depois de tantas palavras, como definir sinteticamente este trabalho de danislau também? É uma ópera marginal sobre um malandro dos tempos de explosão do crack, das neopentencostais e do jornalismo-desgraça. Por isso, Carniça não tem a elegância do malandro carioca dos 40’s, presente na ópera do Chico. E seu duelo com Natanael não tem o ar de luta do bem contra o mal, como o duelo entre João de Santo Cristo e Jeremias nos 70’s, na conhecida áudio-ficção da legião. “Carniça” é mais atual e, apesar de despretensioso, é mais abrangente, porque uma investigação mais cuidadosa pode mostrar que “carniça” somos nós e nosso mundo fedorento. Quem quiser saber mais, que investigue o Carniça: tampe o nariz com uma mão e meta o play com a outra.
No momento estou em retiro físico-espiritual entre as praias do litoral norte de são paulo, mas assim q voltar ao batente subo audios e videos, pq três youtubes e um picasa valem mais q mil palavras.
Em todo caso, preciso dizer q as palavras do meu amigo e consultor pessoal (e guru) Marcílio Lucas valem mais q mil youtubes.
É q o Marcílio, há mais de um ano, escreveu um texto sobre o Carniça, assim q teve seu primeiro contato com o material. Agora q o Carniça ganhou mundo, talvez seja hora desse texto tb vir brilhar aqui nas piscinas de elétrons dos monitores de nosso brazil. Reproduzo abaixo, com todo orgulho - esse é um grande momento do Star Putz - o texto do Marcílio.
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NICE TO MEET YOU, CARNIÇA
Ao se deparar com “CARNIÇA - uma áudio-ficção de danislau também”, o que pensar que vem por aí? Melhor nem tentar adivinhar: “Carniça” vai te pegar despreparado de qualquer maneira. Em “Carniça” permanece um traço marcante dos trabalhos de danislau: a vivacidade ao absorver o eterno do transitório, o poético do histórico. Seu foco na trivialidade mundana faz aparecer os lugares onde a história real é feita, antes de ser representada. Postos de gasolina, barracos malarrumados, lanchonetes semi-abandonadas, pátios de escola e as ruas da cidade. Eis os locais que Danislau costuma percorrer, eis a matéria-prima que costuma deglutir, para nos fornecer um conjunto de imagens envolventes, por serem, ao mesmo tempo, claras e inebriantes.
Na áudio-ficção ora lançada, as ruas, as calçadas e os viadutos são o lócus privilegiado, são o lócus de Carniça. E quem é Carniça? Carniça não toma banho, vive o torpor das drogas, ama a doce Doraluce e odeia Natanael. Por quê? Porque Natanael não toma banho, vive o torpor das drogas e ama a doce Doraluce. O enfrentamento é inevitável. O bairro Santa Mônica é pequeno demais para dois jovens que são um só. No entanto, a trama não se encerra nesse triângulo desamoroso. Ismael, o pastor decaído e decadente, pretende salvar Carniça pela força da lembrança de seu nome de registro: “Vamo sair dessa, Luiz?”. Mas Carniça se mostra impassível. Está feliz com a nuvem de mosquito que o acompanha e seguro de sua escolha pela lama, num tempo-espaço sem alternativas. A proximidade à sujeira do solo dá a Carniça uma tranqüilidade comovente. “Não se preocupe, porque do chão eu não passo”, afirma nosso intrépido herói, com toda serenidade de quem não quer crescer na vida. Serenidade que beira à altivez, como se demonstra na forma insolente com a qual abandona sua ex-posa, Juliete. Serenidade que beira ao deboche quando Carniça exige que seu inimigo pague sua prestação do celular. É que a escória tem suas vantagens; e Carniça pode sair dando ordem por aí. Perder liberta. Carniça perdeu tudo e ganhou a liberdade. Quase toda: a única coisa que o prende é o amor por Doraluce. Afora isso, não tem nada a perder, a não ser seu mau-cheiro.
Danislau nos apresenta a sujidade das ruas, mas não o faz por meio de uma apologia da escória. Ele não embarca na marginalidade convencional de simplesmente afirmar a “beleza do sujo”. O autor de “Carniça” é mais engenhoso e, a partir desse ambiente pesado, consegue nos brindar com imagens marcantes, revelando a sensibilidade de alguém para quem nada que é humano é estranho. Como bom “homem do mundo”, no sentido baudelairiano, Danislau é apaixonado pela compreensão sutil do mecanismo moral que nos rodeia. E, para tanto, em “Carniça”, vale-se da estratégia perspicaz de fazer poesia mostrando a miséria do mundo pela ótica particular de Carniça. Machado de Assis teve a grande de sacada de apontar o ponto de vista de um defunto como privilegiado, pois a sua posição além-vida garante o desprendimento, a franqueza e o desdém necessários para por à vista a mediocridade e as vacilações humanas. Danislau provavelmente não discorda, mas nos oferece outro ponto de vista não menos estratégico: o do abjeto, o de Carniça, livre das hesitações geradas pelo medo de perder.
Mas a liberdade presente em “Carniça” não é abstrata. As escolhas aparecem junto com os dilemas e as opressões do mundo. O campo de possibilidades de escolhas é limitado, pois a realidade só pode colocar as questões às quais é capaz de responder. À Natanael, por exemplo, coube escolher entre ser servente de pedreiro ou servente da pedra. A cabeça pensa onde o pé pisa. Além disso, “Carniça” revela que toda escolha tem o peso do rompimento. Escolher um caminho é abandonar outro. Assim, o “ex” ganha centralidade. Juliete é ex-posa de Carniça. Doraluce é ex-namorada de Natanael. Natanael – e também poderia ser Carniça – é ex-catequista da igreja, ex-coroinha do padre, ex-bailarino de funk, ex-baterista de samba e... ex-futuro-servente de pedreiro. Escolher entre alternativas é abandonar um ex, seja ele do presente ou do futuro. De qualquer forma, escolher é abandonar; escolher é excolher.
Essa teia entre liberdade, escolhas e seus limites é arrematada com o último personagem: Abílio Dias, o cantor da desgraça do mundo, com a risada mais linda do brasil. Apresentando seu inebriado e inebriante programa de jornalismo-desgraça, Abílio nos traz um “você decide” sem possibilidade de escolhas. O noticiário psicodélico coroa o fim da desventura de Carniça, mostrando o peso das escolhas, mesmo quando não existem alternativas. “Câmera, dá pra pegar o mosquitinho desse homem? Mostra a nuvem de mosquito em cima da cabeça desse homem!”. Sensacionalismo? Jornalismo barato que se aproveita da desgraça alheia? Nada disso. Abílio se exime dessa crítica, pois ele não faz a notícia: “a notícia quem faz é esse mundo sujo e escandaloso que você habita”. Abílio não tem culpa e você, telespectador, não pode reclamar, porque o final, você decide!
Mas falar dessa áudio-ficção somente pelo viés literário seria uma injustiça perante a melodia simples, porém irrepreensível de “Carniça”. A musicalidade – ora intensa, ora suave, mas sempre bem concebida – desenha o ambiente e constrói o ritmo das aventuras de Carniça, já a partir das duas primeiras faixas em que se apresenta o duelo com Natanael. Essa sonoridade versátil segue seu caminho no desabafo de Carniça, em “Juliete”; no desespero do pastor Ismael para “salvar” Carniça (em “Luis Henrique”) ou para tentar sair do seu próprio barraco (em “Pastor Ismael”); e na viagem surreal de Abílio na faixa que encerra a obra, gravada em um take só. Mas o destaque fica para outras duas faixas. Primeiro para “oi meu nome é carniça”, faixa dançante de auto-proclamação, que poderia cair bem em qualquer balada noturna, mostrando que o descompasso da vida de Carniça também pode ser uma batida perfeita. Do mesmo modo, merece nota o momento perfumado desta trama marcada pela ausência de banho: a faixa “Doraluce”, baladinha romântica com direito a crianças brincando ao fundo, que pinta com primor a doçura da moça xodó-da-professora-e-de-todo-mundo.
Depois de tantas palavras, como definir sinteticamente este trabalho de danislau também? É uma ópera marginal sobre um malandro dos tempos de explosão do crack, das neopentencostais e do jornalismo-desgraça. Por isso, Carniça não tem a elegância do malandro carioca dos 40’s, presente na ópera do Chico. E seu duelo com Natanael não tem o ar de luta do bem contra o mal, como o duelo entre João de Santo Cristo e Jeremias nos 70’s, na conhecida áudio-ficção da legião. “Carniça” é mais atual e, apesar de despretensioso, é mais abrangente, porque uma investigação mais cuidadosa pode mostrar que “carniça” somos nós e nosso mundo fedorento. Quem quiser saber mais, que investigue o Carniça: tampe o nariz com uma mão e meta o play com a outra.
ENUGBAMIJO - A Boca que Tudo Come
Gente, contar pra vcs: é que semana que vem, dia 22 de outubro, em sampa, vai rolar o Festival ENUGBAMIJO - A Boca que Tudo Come. Uma iniciativa muito bonita da Serena Assumpção e do Eduardo Brechó. Aqui está o flyer do evento (clique parar ampliar), com toda a programação e demais infos. Vcs vão ver q está prevista a estreia do meu CARNIÇA, às 19 horas. Tudo no charmosíssimo Centro Cultural Rio Verde. Todos convidados, conto com a presença dos amigos.
coluna musicais
na coluna musicais da semana passada...
BOA TARDE
Porcas toca ita
No dia seguinte à partida dos meninos, o Alê chega lá em casa me intimando a ir pra Belo Horizonte. “Completamente liso, Alê”. “Dinheiro há, simbora”. E pegamos o ônibus da noite. Na porta do teatro, noite seguinte, nos encontramos com Talles e Ricardim. Alguém da produção passou com duas garrafas de pinga mineira. E pingou na nossa mão a oportunidade de tomarmos um ácido de boa qualidade (naquela época a gente fazia isso). Antes de ocupar minha posição na sala de teatro, fiz uma rápida visita ao banheiro, jogar uma água na cara. E nos braços, por que não? Nuca, barriga, peito. Putz, qdo dei por mim, estava completamente ensopado. Eu e a camisa que tinha na época, outro decalque do às próprias custas s/a, camisa com um dragão gigante que o Moita roubou de não sei quem. Não cheguei a molhar a pessoa que tava do meu lado, foi um movimento todo cuidadoso entre pernas e poltronas, mas desconfio que eu tenha sido pra ele a enxurrada em pessoa, porque foi com um ar de reprovação que ele pulou pra cadeira mais pra lá.
E o Itamar fez um show maravilhoso, um show-happening todo erradão. Completamente bêbado dando voltas sobre si mesmo, se enrolando no cabo do violão, Itamar deu corpo à figura do estorvo. Tata Fernandes com uma doçura maternal acudindo o homem enovelado com os cabos, um ou outro baguá da plateia já ficando puto, pensando talvez no quanto tinha deixado na bilheteria: havia no ar um princípio de incerteza que nos deixava à mercê da manifestação do mais improvável, do mais surpreendente, do mais explosivo.
Sei que na quinta música o Itamar puxou a primeira de novo, e na sexta se sentou na plateia, aquela arte que ele sempre dominou, de olhar a plateia de frente, e ficou sentado uns quatro minutos, braços cruzados, uma insolência exemplar. O instrumental rodando, a Clara Bastos com uma expressão que era só pergunta e amor. O Itamar logo ali, ao lado, instaurando seu reino com a força do olhar imponente, sentado bem pertinho do cara que tinha corrido de mim. Anticlímax? pode ser, mas pra mim aquilo era momento máximo. O Itamar tinha acabado de armar uma arapuca pra morte. Foram séculos e séculos de temor à morte, todo mundo sempre se borrando, mas ali, naquele teatro em Belo Horizonte, a morte é que estava encurralada, diante da força daquele homem - a camisa silcada com um 100 % NEGRO.
Começo do show, só pra que o amigo faça ideia: Itamar está sozinho no palco, sentado em uma cadeira, quando começa a dizer: “não sei se vocês souberam: tive câncer”. Anticlímax pouco é bobagem? Coragem, amigos. “Até então, nunca tinha sentido nada” – ei, Elke Maravilha (sim, Elke Maravilha), figurando a morte, pinta no fundo do palco, rondando o Itamar com os braços arqueados – filme de vampiro dos anos vinte. Dois ou três minutos depois, entra a banda, tocando coisas como “a vida sempre por um triz/ seja de bicho bandido ou atriz”. Não sei se o show foi muito aplaudido, mas foram lágrimas e mais lágrimas enxarcando ainda mais o pano do meu dragão em preto e branco. Hoje consigo compreender porque não consegui abrir as mãos, cerradas em punho fortíssimo durante todo o período da apresentação.
Dia seguinte, em contraposição ao magnífico caos engendrado na noite anterior, Itamar e sua banda fazem um show impecável, perfeito, triunfo de apolo. Porque o dia anterior havia sido devotado a dionísio, como sabemos. E a Martim Pescador, entidade marinheira, em honra de quem Itamar e Elke entornaram suas pingas, no camarim (a Serena depois me contou isso, e eu me felicitei com a ideia de ter estado sob a água da torneira no momento em que Elke e Ita vinham bebendo e entoando cantos a Martim Pescador).
Aí hoje, tantos anos depois, dia do aniversário do homem, a nossa comitiva se prepara pra mais uma visita. O Porcas Borboletas toca depois de amanhã o Às próprias custas s/a, no SESC Bom Retiro, São Paulo. Estamos todos enxarcados de novo, mestre Ita, porque foram três semanas de ensaios diários, aqui no sertão brabo da seca mineira. Bebemos cerveja em muitos desses ensaios, vagamos nas madrugadas entre um ensaio e outro, foram dias de marinheiro longe de casa. Aventuras portuárias. Já viu marinheiro quando toma banho, passa aquele perfume forte, pisa em sapato toc toc, a ocasião sendo de respeito? Manja garbo de marinheiro recomposto de jornada longa? É assim que nos apresentamos agora, esperando ocasião de soltar o barco.
star putz no jornal O Hoje
a alegria é total
jogando veneno - mais agrotóxico? - sobre os pastos de goiás
("um teco-teco amarelo em chamas" - quem se lembra da música do maurício pereira?)
mas é q o jornal O HOJE vem publicando, semanalmente, textos meus (meu nome é danislau)
uma iniciativa da ana maria morais - excelente, mas excelente mesmo, editora. com embaixada do meu broder de adoção, o edinardo lucas (eu adotei. ele pediu dna. mandei tomar no cu. abrimos uma cerveja)
ó o pdf da edição de hj
o amigo vai até a página 19.
não. antes, na página 15, dá uma olhadinha na matéria sobre o xou do arnaldo antunes em goiânia
mas depois vai na página 19
aí, no canto superior direito, do lado da gostosa, tá o texto de hj
eta
legalizado?
receba meu beijo
trapa-hotel
a carinha do ronnie von nos filmes dos trapalhões.
a maquiagem, o olhar: exatos naquele exagero todo.
a candura isenta de sexus e o cabelão imaculado da lucinha lins
a amizade e a devoção viralata do didi mocó, correndo pastos e mais pastos das tomadas externas do walter avancini
cada qual em seu planeta, dedé, mussum e zacarias.
lucinha tem q se decidir.
amor de pica é o q fica: vence ronivon.
supercílios piscam de dentro do carrão conversível.
didi sai chutando lata,
entra a vinheta.
porcas e paulo miklos no conexão vivo
porcas no estadão
e não é q saiu uma matéria linda sobre o porcas no estadão dessa semana?
pois é, sô
confiram aqui, q tá massa
o herói hesitante
aí, ó. finalmente dei um print eletrônico (existirá isso?) no herói hesitante. os dias foram se sucedendo, as noites uma atrás da outra escurecendo o palco da vida pra poderem dar ensejo à apoteose matinal da explosão do sol no céu - ah o sol das mil explosões diárias, caóticas, disfarçadas de constância apolínea.
mas antes q nos desviemos demais - desviar é nossa dança - deixa eu terminar a ideia: foram os dias q levaram os exemplares do heroi hesitante pra passear. restaram pouquíssimos exemplares aqui na minha estante (primeira edição esgotada), mas o q é um herói na estante? então é por isso q fica a dica da versão eletrônica do livro.
bjo giga, assim q mandarmos a tinta no papel timbro o céu com o sol do bat sinal.
doidimai fi
segunda passada agora passou pela garganta do tempo o DOIDIMAI
evento planetário dos mais crazies, q rolou no veredas, em uberlândia
2 de maio, sacumé
pombas, posso falar um pouquinho? desisti
mas re(de)sisto e conto q foi dsmais legal
só gente lindeza, q é a marca registrada de uberlândia, vc sabe
performances mil, em creative commons
e teve - nem precisava? mas teve, pq não trabalhamos com esse parâmetro: precisão -
mas teve até show
caolho company, tram-panumbras e astronauta pinguim
sô: participei do show do caolho, então não posso falar bem. eu o ricardim e o moita fizemos umas bases mucho locas para o stand-up tragedy (alô pessoal da praça roosevelt! posso samplear esse termo? invenção genial) do alê. por esse link aqui, dá pra ouvir algumas baixarias do CC
sobre o doidimai, tem um monte de foto da lívia no facebook: aqui ó. todas as fotos desse post são dela.
pô: e justiça seja feita
q responsa o som do tram-panumbras ! ainda não tinha visto show. tão com ótima fama, os rapazes, mesmo assim as expectativas minhas foram supersuperadas. ó o rafael naufel, menino-inventor de mão cheia, emprestando seu fôlego à justa causa da criatividade livre
e q responsa o show do astronauta pinguim
q, cá entre nós, estava um gato
issaí?
tirando as teias aqui do star putz, q tô afim de transar com todo mundo. ei, bobinho. transar figurinhas, digo.
bjo bjo deste aqui
vida é uma pergunta né cara
nãoé uma resposta
tá todo mundo aí
mas tem nada explicado
falou tudo
a vida é uma pergunta, nunca uma resposta
é do caralho isso
mas a adrena sobe muito
q vida pode ser um monte de coisa
alegria demais, tristeza demais
preguiça, atividade
eu me sinto profundamente ligado a uma certa dimensão da vida
e isso gera em mim um frio na barriga constante
muito emocionante, viver
parece q a qq momento vai aparecer um lance de poesia, ou o olhar de uma mulher, ou um choro do beethoven
ou um passeio de bike
ou o olhar distraído de um cachorrim na rua
tudo isso comove demais
tem razão
ao mesmo tempo q eu penso q viver é se jogar
se lambuzar nas belezas todas
eu sinto q, fazendo isso radicalmente, estarei morrendo
pq a pilha pode não aguentar
tipo
sabe qdo a droga bate demais?
se sei
11:05
sei q isso é um privilégio
a pessoa tem q aprimorar a sensibilidade
pra viver uma vida à altura da vida
mas não necessariamente esse estado de sensibilidade coincide com um estado de paz
é só sofrimento, paixão
compadecimento
comprazer
e condolência
é só o prefixo co
pq estamos irresistivelmente ligados à vida
e estar ligado à vida introjeta alguma droga no cu da alma da gente
aí vai aguentar a onda, bro
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