chuva na rua, chivas em casa

olha q eu sacudo tudo, meto a mão na mesa, sou homem sacudo, nem tanto por carnes quanto por resolução. olha a minha mão cerrada em riste, quem me conhece sabe que eu sou nervoso. souza é sobrenome de se orgulhar porque houve já um souza matador que era meio meu tio-quase-avô. sei que não é hora de se auto-louvar à guisa de auto-salvação, mais ajo me lembrando da força do meu braço do que efetivamente aplicando a tal força. mas como tudo são equívocos nessa vida, me estendo nisso que agora prossegue. eu dessscendo a mão na mesa com essa força toda, pum (não nego a comicidade do eu bater assim a mão na mesa e dar uma assustadinha com o impacto do som) transmite mais filosofia que violência. na verdade isso é lema pra mim - filosofia e violência, filô com velô e viô, violência é uma palavra boa pelo que encerra de radicalidade, melhor, intransitivamente, violência é legal pelo que encerra. meu murro transmite filosofia porque me lembra do sagrado preceito de que seja o homem senhor de seus passos, sim senhor não, ser senhor!, a natureza está aí, as contingências estão aí, mas há que se dirigir o barco. senão é moço assustado correndo na chuva sem guarda-chuva com a cabeça baixa adiando a molhança por meio meio segundo, os pés altos sonhando sobrevoar incólume as poças, passos em falso conduzindo ao conforto do quente e do seco. cabeça baixa, pés altos, dá um pause nessa cena e entenda o que disse o níti, ecce homo, eis o homem. eu me preservo de atos como tais, ridículas tentativas não interessam, mais vale uma porrada na mesa pra fazer talher tremer. eu sou senhor, sim senhor, eu não sou senhor, você é senhora, que ridículo esse soco na mesa, meu olho de súplica é a expressão da derrota.

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