eu meu pai meu irmão meu vô: caminhar é nossa dança

meu vô, desde os primórdios, caminhando. velhinho já, uma sandalinha pouco se distanciando da outra, em cada passo. caminhar arrastadinho, a poeira sobre o asfalto se esfarelando sob seus pés. meu avô desde essas caminhadas se direcionando para onde está agora.

meu pai quando dorme aqui em casa desaparece com as primeiras luzes. a gente dormindo, meu pai caminhando. quando tive tamanho de vestir calça dele, senti a moldura nas pernas e achei q eu era meu pai. mesma sensação quando caminho e vejo minha sombra me demonstrando o quanto ele está inscrito em mim - moldura.

quando a caminhada é no pôr do sol, vamos eu ele e meu irmão. dia desses, sombra de nós três fez-se cinema, visualizou-se fácil o quanto a gente é junto.

hj caminhei com meu filho pela primeira vez. sempre fiz caminhada com ele - quase todos os dias em que estivemos juntos, na verdade - ele sentadinho no carrocinha, devorando o mundo com o olhos deslumbrados. hj, bem longe de casa, cenário surreal de asfalto e mata, ele desceu da carroça. caminhamos lado a lado. ao que ele me viu empurrando carrinho vazio, quis imitar. deixei. vi que tinha muito cinema nessa cena, meu filho empurrando o próprio caminho, digo, carrinho, sozinho e feliz.

4 comentários:

Maria Cláudia S. Lopes disse...

chará!!!que texto lindo meu!!!
são em detalhes assim que a poesia de torna quase palpável....caminhar....fazer caminho...

Ana Lígia disse...

xará de todos nós! saudades de vc. bom ver esse texto bonito, forte, pronto.
beijo grande, saudade sempre, saúde.
ana lígia

Anônimo disse...

to chocada

Anônimo disse...

Massa demais cara, porra.o theo é muito massa, vc é muito massa, ó bicho grilo do alphaville uberlandense. esse texto é muito massa.
O do candango tá vindo aí, não sei se vc sabe. Coalinha a caminho.