último dia de aula
Piranha. ou: Neukölln inn 2
Neukölln inn
thanx god
is this the end?
o fim das coisas é mais final, qdo o meio e o começo foram de incêndio.
(o acendimento intenso de repente apagado é que causa o choque a que chamamos saudade)
mas o goma, pra mim, nunca foi espaço de paz
amor e ciúme, paixão, muito ciúme, pq a noite não esteve para brincadeiras. e estamos todos reféns de um deus anônimo, objeto-de-adoração-não-identificado, deus traquinas desconhecedor dos futuros
de noite, no goma
a cerveja na cabeça, transtornando.
as dolores, as tristezas, o luto. como dói o olhar da ex-namorada bonita e triste no goma - long neck na mão.
eu morri foi no goma.
o goma de noite foi um anti-colo. recolheu, com coragem, os nossos eros e nossos tânatos, nosso azul e nosso cinza, pra esparramar tudo no chão. como pisadores de cacau da novela das 8 da globo, balançamos o quadril ao que pisoteamos nosso chocolate. que rito será esse, as pessoas embaladas nos saguões do goma?
as dores do mundo, doendo no goma.
o sentimento do mundo.
de banho tomado, no goma
desenhou-se exu maternal, no goma oceano foi que desaguaram as máguas de uma enxurrada-madrugada
amor pelo goma, demais, pq foi bonita a subida.
COLUNA MUSICAIS
A LIBERDADE DO LIVRO
Foi num desses domingos aí das semanas passadas que participei de uma promoção via internet. O primeiro que mandasse um comentário para o blog da escritora Andréa Del Fuego iria receber, via correios, um exemplar do livro “Montanha-russa”, do Fernando Bonassi. Meu comentário dizia que o atraso era especialidade da casa, bem como a derrota - em qualquer tipo de competição ou performance. Mesmo assim, ganhei a corrida, com um segundo de vantagem sobre o segundo colocado. O livro está aqui a meu lado, e essa experiência toda só veio a revelar uma característica fundamental desse estranho objeto que é o livro: sua transitividade e transcendência.
O livro é sempre transcendente porque leva sempre a alguma outra coisa, algum outro lugar - ainda que vago e misterioso - além do aqui material da tinta no papel, que é o corpo do livro. O leitor é um visitante de outros mundos. E o livro é sempre transitivo porque está sempre em trânsito, ele mesmo passeando. Viajar não é atributo apenas do leitor, porque o livro, em sua materialidade condensada, também costuma viajar. As bibliotecas, com suas fichas datilografadas e com seus carimbos de datas variantes, estão aí, pra comprovar a propensão do livro em correr mundo.
De todos os objetos, o livro é o que menos se presta à apropriação. Por mais que se abrace o livro, prenda-o na prateleira, um dia ele vai bater suas asinhas. Aqui em casa, mesmo, semana passada: um amigo, conferindo a prateleira, se deteve diante do dicionário do Câmara Cascudo. Dicionário de mitos e folclores do povo brasileiro. Conheço o rapaz de longa data. Sei de seu interesse pelas nossas mitologias. Ao que ele se pôs a folhear o livro, declarei: leva, é presente pra você. Aquele livro era muito mais dele que meu.
Então estão aí os livros todos, em seu passeio misterioso, alheios às regras da apropriação. Foi o Sarte quem disse: a arte (e a leitura) é sempre engajada, porque presume um exercício de liberdade. A liberdade do leitor, em trabalhar os sentidos da maneira que lhe vier à telha. Interessante é que, aceita a tese do livro viajante, possamos estender a liberdade verificada no exercício da leitura ao próprio livro. Ao corpo do livro. O livro está solto, em seu passeio, e nossas mãos não podem com ele.
Publicado na coluna musicais, do jornal correio, de uberlândia
Porcas a passeio - relatos de viagem
(Continua. Não vou torrar a paciência de ninguém com texto longo. É compromisso, dessa vez: continua)
cazuza e ezequiel
ontem, dia 7 do 7, foi o dia que o ezequiel neves morreu
7 do 7 foi o dia que o cazuza, amigão dele, morreu tb
algum anjo avisou pra eles, lá no começo dos anos 80, q o carimbo ia ser o mesmo para os dois
sei q avisou
duvidam?
e eles acharam graça
pq o abraço deles - aliança deles - existe desde sempre
dia bonito. 7 do 7 é o dia do Seu Rei também.
nossos planos são muito bons
Porcas Borboletas na Europa
No dia 16 de julho, em Londres, o Porcas se apresenta no Festival Brazil, do Southbank Centre. O festival levará aos palcos atrações como Maria Bethania, Gilberto Gil, os Mutantes, Arnaldo Antunes, Ernesto Neto, Afroreggae, dentre outros. E o Porcas Borboletas, que faz sua apresentação com a participação especial de Arnaldo Antunes. Aí está o link do evento:
http://www.southbankcentre.co.uk/find/festivals-series/festival-brazil
Já no dia 18 de julho, o Porcas Borboletas se apresenta em Victoria Park, no Festival Lovebox.
http://www.lovebox.net/
E a tour se encerra no dia 24 de julho, em Paris, com a apresentação no Internacional Concert Bar.
http://www.linternational.fr/
Os amigos estão todos convidados a participar dessa bagunça. Quem estiver na Europa pode conferir os shows. E quem não estiver pode abolir as distâncias acompanhando a cobertura de todos os fatos, através do site do porcas e do twitter da banda (www.twitter.com/porcasapasseio)
Combinados? Abraço pra todo mundo!
COLUNA MUSICAIS
O mais comum, entre os torcedores de futebol, é desejar a vitória. Uma recente pesquisa aí de sei lá qual instituto de ciências médicas, levantada pelo mestre Xico Sá, acabou prestigiando ainda mais a vitória, no futebol. Segundo essa pesquisa, os níveis de testosterona aumentam significativamente com a vitória do time pelo qual se torce, o que pode resultar em um aproveitamento mais otimizado dos prazeres do amor carnal. Só por isso, certamente, já vale a pena torcer com todas as forças pela vitória do time de coração. Mas só por isso. Porque a derrota é sempre mais edificante que a vitória.
Quer coisa mais chata que ficar assistindo aos jogadores do time campeão pulando como loucos pelo gramado já tomado pela bagunça, levantando camisetas e louvores ao ceu? Utererês à parte, muito mais interessante, por exemplo, é a imagem do penalty perdido. Ou a marcha do jogador expulso, rumo ao vestiário.
Dois momentos de derrota me vem à mente, agora. O primeiro foi o penalty perdido por Roberto Baggio, na copa de 94. Enquanto o Brasil inteiro estava de olho no Taffarel, feliz da vida, eu estava mais interessado na suprema elegância do jogador italiano. As alegrias do time brasileiro têm mistério nenhum. Ao vencedor, as batatas. Muito mais enigmática, misteriosa, humana, foi a expressão do craque da Itália.
Outro momento de derrota charmosa se deu também por ocasião de penalty perdido. Marco Antônio Boiadeiro, meio-campista genial, bateu uma bola pra fora, o que eliminou o Cruzeiro - ou foi a seleção brasileira? - de algum torneio importante, ali pelos anos 90 (a falta de memória é uma de minhas derrotas, como perceberam. Vão perdoando). Boiadeiro, depois de perdido o penalty, dá início à sua marcha até o vestiário, com a cabeça baixa, aos prantos. Nisso, Cafu realiza a jogada mais bonita de sua carreira. Sai correndo de onde estava, em direção ao companheiro de equipe, chega-se a ele para, com toda a delicadeza do mundo, erguer com os dedos o queixo do amigo cabisbaixo. Cabeça erguida, já firmando a respiração, Boiadeiro, em sacrifício, ofereceu ao mundo inteiro a beleza de sua feição marcada pelo choro. Eis o homem, pensei na hora.
A derrota é bonita não porque queiramos desfrutar a dor do outro. Mas porque podemos reconhecer, na dor do outro, uma dimensão da vida evitada a todo custo pela lógica capitalista. A derrota, como a morte, estão aí. Não somos campeões. Somos humanos (demasiado humanos).
publicado na coluna musicais, do jornal correio, de uberlândia
alguns twits em torno do jogo de ontem
@fodadeesquecer acabou de me dizer aqui q esse jogo ele já assistiu
o surto delicioso da adrenalina. alguma coisa importante está para acontecer? os motores têm som de apressados. o sopro é ansioso.
alguem aí já viu a imagem/ de robert baggio mirando romário/ na saída do vestiário ?
o mecanismo através do qual a vuvuzela de repente toma as ruas do brazil
o cartão vermelho é sempre um lance bonito. a fatalidade. a cor quente se elevando do fundo verde. a postura do juiz. a mão na cabeça.
a marcha do jogador expulso, rumo ao vestiário.
@nassar a regra é clara, nassar. mas, no carnaval, a regra é a primeira a ir por água abaixo.
uma coisa bonita no futebol é o 1 minuto de silêncio
ficção: kaká pede ao assessor maconheiro q prepare a camiseta eu amo jesus pra levantar qdo gol. assessor engajado dá o golpe: legalize já
passou um carro tocando 90 milhões em ação, pra frente brazil. propaganda de uma pizzaria do bairro. oswald de andrade ia gostar disso
a copa do mundo, o galvão bueno, a fátima bernardes, nada é sério mas o movimento em torno é colossal. o homem é um ser de ficção. brazil !
kind of blue
A eletricidade revela a natureza íntima das coisas -
o som elétrico sendo, portanto, um som orgânico
Os acordes dos dois tecladistas de miles davis: eletrocuções regozijantes – as mãos nervosas aplicando através do teclado choques elétricos dotados de sabor
Que deus pousou no varal da guitarra? Porque agora o som está solto, portador de volts
Porcas no Multishow
COLUNA MUSICAIS
A TECNOLOGIA PERFEITA
A invenção mais importante do homem moderno é o aparelho de som. Em termos de tecnologia, nada está à altura. O aparelho de som é o espelho da alma do homem. Porque a música revela sempre uma intimidade. Não necessariamente a intimidade do compositor, ou do intérprete. Mas uma intimidade já difusa, não-situada. A intimidade do Homem. O aparelho de som permite acessar essas intimidades. A viagem musical é sempre uma viagem pra dentro.
E uma viagem pra fora também. Ouvir o canto do povo de cada lugar, de certa forma, transporta para o lugar desse povo que canta. É muito viajado, o homem que escuta música. O que é o acontecer de um lugar como o Peru? Um monte de coisa, tudo fundido. O relevo, os animais, o clima, as roupas, as fachadas dos edifícios... e a música! Não sendo possível, no momento, dar uma olhada no relevo, nos animais, no clima, nas roupas, nas fachadas dos edifícios do Peru, o que poderemos fazer? – Ouvir a música peruana.
São os benefícios do aparelho de som. Porque os milagres são infinitos. O aparelho de som permite não apenas as viagens no espaço, mas também uma viagem no tempo. O aparelho de som permite ouvirmos a voz (penetrar na intimidade?) de uma pessoa que já passou dessa pra uma melhor. Carmen Miranda. John Lennon. Nelson Gonçalves. O aparelho de som revoga a morte. O aparelho de som permite a festa perfeita: todo mundo junto, os vivos e os mortos, os daqui e os de acolá. Os palestinos e os judeus. Os atleticanos e os cruzeirenses. É importante ou não é, uma tecnologia dessas?
O automóvel, por exemplo, não chega aos pés do aparelho de som. O automóvel está mais é poluindo a cidade, deixando o trânsito desagradável. Não é à toa que essa coluna defende abertamente: estamos do lado do aparelho de som. Porque o mais importante, no automóvel, não é o motor. Nem os pneus. Nem os assentos. Nem o seguro. Nem a prestação. Nem o porta-malas. Um carro não precisa de nada disso. O que um carro precisa, precisa mesmo, mais que pneu, mais que motor, é de um aparelho de som.
E fica aquele abraço pra todo mundo que tem som no carro e é capaz de fazer um uso não-poluente da tecnologia. Porque som automotivo alto, berrando pelas ruas seus jingles políticos, promoções de lojinha ou tumtumtum de balada ruim, é o lado negativo dessa força.
publicado na coluna musicais, do jornal correio, de uberlândia
COLUNA MUSICAIS
RIQUEZAS SÃO DIFERENÇAS
Não sei bem onde, mas vi alguém dizendo: que se o pensamento ateu e materialista praticado na Europa, ali pelo século 19 quase 20, desembarcasse implacável na África, levando todo mundo a não mais acreditar em seus deuses, o prejuízo era certo – adeus tantas danças, músicas, adereços, rituais. Naquele contexto africano, na dúvida entre os deuses existirem ou não, muito melhor ficarmos com deuses-existindo: louvar seus deuses torna o homem mais divino.
Pois vocês vejam a beleza da Ave-Maria, de Schubert. Vejam o transe das velhinhas rezando terço, à luz das velas. Vejam os templos todos, espalhados pelo mundo. Os sinos. As mantas, túnicas, turbantes. Os incensos. Os cantos, os tambores. As posturas, as danças. O símbolos. Com os olhos voltados para o ceu, para o além, para a transcendência, o Homem acaba por dotar o arredor da beleza divina. Louvando o além, o ali, o homem embeleza o aqui. Não pode haver maior coerência.
Cada cultura, cada povo, cada família, escolhe livremente o modo de realizar suas louvações. Isso é, inclusive, um direito garantido pela Constituição. Mais inteligente será a pessoa desprendida o bastante para apreciar as manifestações culturais das várias religiões. Eis aí um dado, antes de tudo, cultural. Um dado artístico, antropológico. Eis o homem.
Eu mesmo, sempre gostei de religião. Fui coroinha, rezava o terço, amava os vitrais da igreja. Depois mergulhei no Rock, me identifiquei com suas celebrações. Até que um fato revolucionou tudo: vim a conhecer a Tenda Coração de Jesus, em Uberlândia. Terreiro de umbanda dirigido por Mãe Irene de Nanã, fundado há mais de sessenta anos, pelo Pai João da Bahia. Fiquei completamente arrebatado por aquelas belezas todas: tanta gente dançando, fumaça de ervas santas no ar, os ritos, a espiritualidade manifestada. A amizade. Afirmo sempre: nunca, em tanto tempo de andanças, vi tamanho amor e beleza, como vejo toda quarta-feira na Tenda Coração de Jesus.
E o que se passa é que, a despeito das garantias constitucionais, a Tenda (e a irmandade umbandista, como um todo) vem enfrentando cada vez mais dificuldades, na realização de suas celebrações. A intolerância religiosa ainda é uma realidade. Mesmo em Uberlândia, essa Salvador, com suas mil belezas afrobrasileiras. Devemos ser cuidadosos. Não pode haver prejuízo maior que o sacrifício das belezas transcendentais. E é sempre bom lembrar os Titãs, quando cantam: “riquezas são diferenças”.
publicado na coluna musicais, do jornal correio, de uberlândia
restarting
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O SAMBA MANDOU ME CHAMAR
Que é uma Universidade? Que é o acontecer de um campus universitário? Salas de aula com professor na frente falando e aluno sentado anotando? Hospital se virando como pode pra atender o pessoal com prontuário na mão? Bichos-grilos de pés descalços captando as emanações da terra por meio da ioga praticada sobre os gramados do campus? Meninas bonitas egressas dos cursinhos da vida sorvendo suco de açaí na cantina enquanto comenta, com a boca um pouco cheia, a última eliminação do Big Brother? Tudo isso é o acontecer de uma universidade. Isso tudo, e mais um monte de coisa.
Um dos aspectos mais importantes da Universidade, e que cada vez mais vem sendo ignorado pelo direcionamento careta que vai regendo seus caminhos, refere-se à sua atuação no âmbito da arte e cultura. Impossível dissociar a Universidade da vida cultural de um país. Antes, espera-se, de uma Universidade, que ela se constitua como um verdadeiro laboratório de linguagens, um centro de pesquisa e experimentação, uma produtora de signos novos, de informação nova. A Universidade recebe suas verbas para isso: para ser antena, vanguarda, pensamento avançado a serviço de uma sociedade atrasada, desejosa de melhores dias.
Todo mundo tem total conhecimento do potencial da arte, enquanto agente transformador – seja da sociedade, seja dos indivíduos. A arte diz ao corpo e ao espírito. A burocracia diz ao escritório. Se uma universidade possui mil faces, o melhor é que essa face artística, jovem, inteligente, apareça mais que a faceta engravatada, burocrática, engessada por um academicismo medieval.
Não posso deixar de dizer: de tudo o que vi na Universidade – foram nove anos estudando na UFU – o mais bonito, educativo, transformador, crítico, inteligente, vivo, foram, certamente, os eventos festivos marcados pelo signo da liberdade. Liberdade de linguagem, liberdade comportamental. Alguns deles: os Acampamentos 1998 e 2000, os papos sob os pés de Jambolão, o Projeto Cinco e Meia, as pizzadas da Arquitetura, o Samba Mandou me Chamar. Como diz o professor Roland Barthes: “não pode haver saber, sem sabor”.
O samba mandou chamar. Atende esse chamado, UFU.
Publicado na coluna Musicais, do Jornal Correio, de Uberlândia.
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porcas sampa sexta
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RECEITA PRA FAZER SUCESSO
Pergunta inevitável, não são poucas as vezes que um músico escuta nessa vida: “ah, você tem banda? E já tá fazendo sucesso?” A resposta – a resposta mais comum – costuma ser recebida com um tom de desolação. “Não, não. Sucesso não”. Mas o papo não pode terminar assim tão triste. Porque sempre seguem os mil conselhos para uma carreira de sucesso: “mas vocês já tentaram o programa do Faustão? E o Raul Gil? Aquele quadro revela muita gente.”
Vigora, no imaginário popular, a ideia de que uma banda existe para fazer sucesso. Se não está na televisão, nos jornais, na boca do povo; se não é hit na internet, se não pode cobrar os cachês mais altos do mundo... não está valendo a pena. Uma banda longe do sucesso ainda está em sua pré-história. Vem de novo a voz do pitaco: “Já sei. Vocês precisam de um empresário.”
Essa mentalidade, claro, revela-se completamente vinculada ao século passado, aos tempos de império de uma indústria fonográfica regida pelas grandes corporações (as gravadoras). A internet criou outras possibilidades, possibilidades infinitas: através delas, podem ser projetadas as mais diversas vozes. Uma banda de Uberlândia pode criar uma página na rede, e fazer circular no mundo todo a informação artística que produz, sem dificuldade alguma.
Mas como levar as pessoas a clicarem na minha página? Aqui já cabe uma tentativa de reformulação do conceito “sucesso”. Talvez seja mais interessante, para as bandas, buscar menos o sucesso quantitativo, o sucesso entre as massas, para se voltar para a busca de um sucesso qualitativo: o sucesso no âmbito da arte que produz, e no âmbito das estratégias utilizadas para fazer com que essa arte circule.
Que sucesso interessa mais? O sucesso massivo de uma informação mal-sucedida, em termos artísticos, ou o menor sucesso de uma informação artística relevante? E não é motivo pra desânimo o tal “menor sucesso”. Muitas vezes, ele representa o sucesso absoluto. Pois qual é o máximo sucesso de uma informação artística? Tocar o interlocutor, repercutir positivamente em sua vida. Assim se completa o circuito da informação artística.
Pra terminar, uma última formulação: para quem busca uma comunicação efetiva, multiplicadora, artística, o sucesso (ou, pra usar a expressão em inglês, mais contemporânea, o “hype”) nunca é o fim, o primeiro e o último desejo. O sucesso é o meio. Através dele, mais pessoas poderão clicar na página da tal banda de Uberlândia. Uma vez clicada, é torcer para que a comunicação se estabeleça com sucesso.
publicado originalmente na coluna musicais, do jornal correio, de uberlândia